Por crenças ao feiticismo, a população da comuna de Sachinemuna, município do Cuemba, província do Bié, rejeita-se a ficar mais de um dia no centro de saúde da localidade. O abandono hospitalar, na sua maioria, termina em óbito, segundo o director da unidade sanitária, Júlio Bernardo
Em média, o centro de Sachinemuna atende entre 50 e 60 pacientes por dia. Os utentes são frequentemente diagnosticados com doenças diarreicas agudas, malária e parasitoses.
Segundo Júlio Bernardo, as doenças diarreicas agudas são registadas com maior frequência, porque, no período seco, muitas cacimbas não têm água e a população que está mais afastada da sede comunal não conserva o líquido precioso em locais apropriados, para além de não acatarem os conselhos sobre o tratamento da água de consumo.
Os pacientes têm sido internados, no período de até três dias, mas a população rejeita-se a ficar mais de um dia no centro, isto porque têm muita crença no feiticismo. Quando o quadro clínico do doente inspira mais cuidados, os familiares pedem para retirá-lo da unidade sanitária e ser tratado tradicionalmente.
“Tem sido uma luta entre o enfermeiro e os familiares. Nós defendemos que se trata de uma doença normal, por vezes tem sido uma malária cerebral, mas não temos sido compreendidos pela maioria dos familiares, e muitos destes casos terminam em óbito”, frisou Júlio Bernardo.
Para ver melhorada a situação, Júlio Bernardo disse que a equipa de técnicos tem trabalhado com o soba da aldeia e as igrejas, no sentido de incentivar a população a acreditar mais nos serviços de saúde.