Percorrer o interior de Angola, aquilo a que alguns, num período da nossa história, designaram como Angola profunda, é uma das coisas que mais aprecio. Faço-o sem pestanejar, quando há oportunidades. Fi-lo no último fim-de -semana, em trabalho, visitando partes do Leste de Angola, onde, contra muito do que se diz, pude constatar melhorias em relação às últimas vezes em que lá estive.
Recordo-me, por exemplo, das últimas viagens que fiz a Cafunfu, no Cuango. Uma terra que ainda hoje contrasta com as riquezas que possui no seu subsolo, quando se sabe que em determina- dos países, incluindo alguns vizinhos, o brilho dos diamantes se reflectem claramente no desenvolvimento dos seus próprios cidadãos. Pessoalmente, tenho uma paixão pela região leste e as suas culturas.
Da música à gastronomia, da dança aos demais hábitos socioculturais, alguns deles mereciam ser melhor referenciados. Com uma economia que se vai desprendendo, ao que tudo indica, dos diamantes, é possível ver- se entre a Lunda-Sul e a Lunda-Norte mais gente envolvida no comércio, o surgimento de importantes infra-estruturas que poderão agregar mais valor aos jovens e a todos os que se predispuserem em contribuir para o desenvolvimento da região.
Embora tenha ido de avião, gostei imenso de ter escutado de muitos jovens, entre os quais automobilistas, o facto de se ter reduzido drasticamente o tempo de viagem entre Dundo, Saurimo e a capital do país, infelizmente ainda o ponto de abastecimento de produtos e outros serviços para as restantes províncias do país.
A conclusão da estrada nacional 230, a que dá para as províncias do leste, entre as quais o Moxico, é uma das principais chaves para o desenvolvimento da região, por poder influenciar largamente na diminuição de preços de vários produtos, assim como na facilitação da circulação das próprias pessoas.
Embora não esteja concluído na íntegra, começam a ser visíveis alguns benefícios imediatos. Um deles é mesmo a pouca diferença que se observa em determinados produtos em relação a outros mercados abastecedores.
Diz-se que faltam pouco menos de 20 por cento da empreitada entre Malanje e Saurimo, por exemplo, assim como os troços entre Catete, Maria Teresa, Caxito e Ndalatando para que os automobilistas, sobretudo camionistas, possam dizer adeus aos anos de terror no asfalto. Caso se concretize rapidamente, ventos ainda melhores se farão sentir naquelas que um dia eram vistas como terras quando adiadas.