Belmiro Chissengueti manifestou essa preocupação à imprensa depois de um encontro de cortesia que manteve com a governadora provincial de Cabinda, Suzana Abreu, a quem pediu a Deus para que “tenha luzes para poder conduzir esta província e que seja a garante da governação de todos e para todos”.
A presença de muitos cidadãos estrangeiros, sobretudo da RDC, em situação migratória ilegal, desvirtua, a olho nu, os princípios de boa convivência, os usos e bons costumes da população de Cabinda. Por isso, Belmiro Chissengueti considera que o assunto deve ser analisado pelas autoridades com bastante profundidade, pois, como disse:
“As maiorias depois impõem regras e se os congoleses da RDC se sentirem maioria vão impor regras”.
Segundo Dom Belmiro Chissengueti, muitas aldeias por onde passa, no âmbito da missão pastoral, estão invadidas e povoadas por cidadãos não nacionais e nota-se a presença considerável de estrangeiros em situação migratória ilegal a viverem aí normalmente. “É fundamental saber-se quem chega aqui.
Se for estrangeiro, paga as taxas devidas e terminado o tempo de estadia e se não tendo regularidade migratória volte para o seu país. Este é um problema muito sério”, advertiu o bispo de Cabinda.
De acordo com o chefe da Igreja Católica em Cabinda, o censo sobre a população e habitação que as autoridades deverão efectuar em breve deve ser o mais realista possível e saber destrinçar quem é o cidadão nacional e quem é o estrangeiro.
“A distinção que se pode fazer neste aspecto é com o registo de nascimento. Mais do que o senso, é importante dar também prioridade ao registo do nascimento”, referiu.
Para Dom Belmiro Chissenguete, o equipamento usado no processo de actualização do registo eleitoral poderia muito bem servir para se efectuar o registo de nascimento em massa, já que “temos uma grande percentagem de pessoas não registadas e o censo, para ser também realista, tem de ter em conta quem são os nacionais e quem são os estrangeiros”.
Preocupações apresentadas
O bispo de Cabinda abordou com a nova governadora provincial os aspectos que norteiam o dia-a-dia do exercício da autoridade na região, os problemas sociais que a província de Cabinda vive, sobretudo a imigração ilegal, bem como as promessas que foram feitas em termos de obras.
Para Dom Belmiro Chissenguete, a reabilitação da estrada que liga Yema ao Alto Sundi, numa extensão de 295 quilómetros, é uma prioridade absoluta no sentido em que permitirá o fluxo das populações entre o norte e o sul da província.
O bispo da Diocese de Cabinda pediu à governadora Suzana Abreu para que seja a garante de uma governação de todos e para todos e ‘‘não se deixe dominar pelos bajuladores e nem se ofuscar pelos intriguistas’’.
Mas, continuou, possa com zelo, competência, integridade moral e imparcialidade buscar os melhores caminhos de desenvolvimento da província.
“E nós na retaguarda estaremos a torcer para que tudo dê certo, mas não faltará, quando necessário for, uma palavra de conselho para o bem do povo que habita essa província”, referiu o prelado.
Reforço da parceria
Para Suzana de Abreu, o encontro serviu para reforçar a parceria entre o Governo e a Igreja Católica, um parceiro muito importante para a sociedade, porque os seus ensinamentos e apoios ajudam a moldar a condição moral e cívica e a urbanidade das pessoas.
“A igreja tem um papel fundamental na sociedade para ajudar as acções do governo naquilo que é a gestão das mentes e das pessoas”, sublinhou Suzana de Abreu.