A província do Uíge, com 16 municípios, não tem um médico especialista em maxilo-facial, pelo que todos os casos que precisam deste tipo de intervenção são encaminhados para a cidade de Luanda.
Para além desta especialidade, existem outras que precisam ser preenchidas, é assim que o sector da saúde busca atingir a meta de 104 médicos até 2026. A informação foi avançada pela delegada provincial da saúde, Kavenaweteko Malavo, tendo acrescentado que o desafio da formação de quadros é permanente, dada a densidade populacional e o número de unidades sanitárias (um total de 364), uma vez que é apenas assegurada por nove médicos especialistas.
Neste momento, um total de 104 médicos estão a ter formações em diversas especialidades, na província, na capital do país e no exterior, dentre as quais medicina interna, traumatologia, ortopedia, pediatria, anestesista, gastrologia, ginecologia obstetrícia, urologia e medicina familiar integral.
“A previsão é que, até ao ano de 2026, tenhamos 104 médicos formados em várias especialidades, e contamos, neste número, com um médico maxilo-facial, dada a cooperação que o Hospital Geral do Uíge tem com o Hospital Maria Pia, em Luanda.
No ano passado, tivemos a presença de um importante especialista nesta área, Dr. Agnelo Lucamba, a dar formação, e promovemos uma campanha de cirurgia”, disse. Neste ano, estão a fazer a mesma coisa, com a assistência de alguns doentes nesta situação, um total de dez pacientes.
Esta é a solução local que procuram dar, uma vez que reconheceu não ser fácil transferir um doente para um outro hospital, ainda mais noutra província, por falta de determinados serviços.
A transferência acarreta consigo custos, por isso, a entrevistada diz ser bom quando se consegue dar resposta a nível local. “Não é que haja pouco interesse dos médicos em se especializarem nesta área, estamos a começar a formação e tenho fé que a nossa província terá especialistas nesta área”, sublinhou.
Os primeiros especialistas formados em medicina familiar integral estarão prontos na cidade do Uíge, no final do ano corrente. A delegada diz estar consciente de que, neste âmbito, os desafios são permanentes, mas tudo farão para melhorar o atendimento e humanização no sector da saúde.
Hospital do Uíge transformado em centro de estudo e investigação Malavo conversou com o jornal OPAÍS nas III Jornadas Científicas, organizadas pelo Hospital Geral do Uíge (HGU), cujo lema é “A investigação e o ensino em saúde como factores impulsionadores na qualidade da assistência sanitária”, que são vistas como uma oportunidade de capacitação dos profissionais da saúde local.
Para o director do HGU, Abreu Pecamena, estas jornadas impulsionam a formação contínua e valorizam a formação profissional por excelência, uma vez que procuram reunir todos os médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de diagnóstico, terapeutas, académicos, entre outros, que queiram compartilhar os desenvolvimentos da ciência da saúde a nível nacional e internacional.
“É uma oportunidade única e vai proporcionar uma aprendizagem de qualidade e abrangente, uma vez que a aquisição de competências é um imperativo para o exercício da profissão.
O lema das jornadas é actual e está ligado às políticas do Executivo angolano sobre o ensino, tendo em conta a necessidade de reforço da formação há a necessidade de se ter um capital humano forte, pois isso permitirá que tenhamos atendimento de qualidade”, disse.
Reconheceu que a sua instituição ainda tem muito que fazer, para alcançar os seus objectivos e anseios da população, no que diz respeito à prestação de serviço de qualidade, por isso, está-se a organizar este evento e outros, para reforçar e transformar o Hospital Geral do Uíge num centro de ensino e de investigação, ou numa referência regional, nacional ou mesmo internacional.