O investidor luso sustenta que, assinados que estão vários acordos de cooperação entre os dois países, é chegado o momento de aplicar na prática o que se convencionou entre os dois países, de modo que empresários portugueses não se voltem a confrontar com entraves na implementação de projectos.
Martírio Oliveira quer ter na visita do Primeiro-Ministro de Portugal em Benguela oportunidade para expor preocupações relacionadas, fundamentalmente, com determinadas burocracias a que investidores como ele se sujeitam.
“Aproveitando a presença do senhor Primeiro-Ministro que converse bem com as autoridades às quais nós estamos submissos para que nos respeitem”, sugere.
A título de exemplo, o empresário reclama o facto de, neste momento, ter emperrado um projecto de construção de uma fábrica de alfaias e ferramentas consumíveis agrícolas, orçado em 20 milhões de dólares, em virtude de uma alegada invasão, seguido de ocupação de um terreno de forma ‘ilegal’ por parte de um cidadão, supostamente com influência no Governo, em Luanda, na zona do “Bom Jesus”.
“Era um projecto lindíssimo, íamos ter alfaias produzidas em território nacional, íamos dar muitos empregos e atender às necessidades da agricultura. Tudo isso foi interrompido. Esses senhores que estragam um projecto desses não estão minimamente sensibilizados”, disse.
Oliveira refere que o problema até hoje não foi solucionado, devido à excessiva burocracia enfrentada em algumas instituições administrativas e judiciais, assegurando ter remetido um expediente judicial na ProcuradoriaGeral da República, na perspectiva de reaver o direito que diz estar a ser usurpado, mas, até à presente data, não obteve resposta.
Esse ambiente, na visão do empresário, belisca aquilo que são as pretensões dos dois chefes do Governo, nomeadamente João Lourenço e Luís Montenegro, agora sustentada com um incremento de 500 milhões de euros em linha de crédito.
“Já enviámos ofícios a toda a gente que está envolvida na Administração Pública deste país e estes ofícios não são respondidos.
Há um sentimento de tristeza profunda”, considera o empresário, que tem na presença de Luís Montenegro em Angola o impulso para se inverter situações dessa natureza.
“Os serviços de Administração Pública deixam muito a desejar. O investidor estrangeiro está numa situação muito vulnerável e o que toca agora é a condição do terreno que nos foi concessionado ao quilómetro 44, da estrada Catete”, lamentou, em entrevista conjunta ao Jornal OPAÍS e à TV ZIMBO.
“Gostava que desenvolvesse uma acção neste sentido, para que a boa saúde das relações visasse a satisfação dos investidores e, tal e qual como no meu caso, outros mais não se sintam frustrados”, reforça.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela