Um grupo de jovens da Catumbela levou bens da cesta básica com o fito de atender às dificuldades com que o centro se vem debatendo, no que respeita, fundamentalmente, à carência de alimento.
Por acolher até crianças de outras províncias, com destaque para algumas provenientes de Cabinda, a direcção manifesta incapacidade para alimentar, diariamente, as mais de 60 crianças lá internadas.
As quantidades de massa alimentar, arroz, fuba, feijão, dentre outros produtos, doados por jovens hão-de de fazer alguma diferença durante alguns dias – admite a directora municipal da Acção Social, Isabel Laureana Martins.
Em virtude de ser um centro de transição, a instituição chegou a acolher uma criança de origem congolesa. No centro, recebeu o aconselho de que precisava e, de seguida, enviada para as autoridades em Luanda para passos que se seguiram.
Por esses e outros papéis desempenhados é que a direcção municipal de Acção Social defende mais apoio para o centro, sugerindo a população, empresários e não só que apoiem o aludido centro.
Crianças “arrancadas” da prostituição e drogas
Entretanto, um outro vício apontado por Victoria Martins está relacionado com a prática de prostituição, em que algumas crianças, com idades compreendidas entre 13 e 15 anos, estão envolvidas.
Logo que retiradas das ruas e recolhidas no centro, essas crianças têm merecido uma atenção diferenciada por parte de especialistas.
“Estão sob nosso controlo, até ao momento, 63 crianças. Essas crianças vêm das províncias do Huambo e Bié. Tivemos até crianças do Congo, que já foram reintegradas”, assegura, acrescentando que, hoje, para além da fome, as crianças são atraídas às ruas por drogas.
“Temos também a presença da Acção Social junto do Gabinete da vice -governadora e todos esses elementos compõem este pacote”, disse a responsável, que aponta também a reintegração social de crianças como outra dificuldade com que o centro se confronta.
O Centro de Transição e Acolhimento é uma instituição pública, adstrita ao Gabinete Provincial de Acção, Social, Família e Igualdade no Género.
Os recursos públicos postos à disposição têm ficado muito aquém do necessário, daí que a direcção da Acção Social apele à sociedade para uma acção de caridade semelhante a de jovens da Catumbela.
Insegurança de educadoras Ao problema de falta de alimento junta-se o de agressão de que, nos últimos tempos, alguns técnicos são vítimas.
As educadoras têm sido confundidas com traficantes, ao tentar retirar das ruas crianças ou apanhar umas fugidas do centro.
O caso mais recente de agressão foi sobre a pessoa da educadora e responsável do centro, Solanje Elias de Almeida, que chegou, inclusive, a parar em tribunal.
Os implicados foram condenados, com pena suspensa, por agressão. Solanje Elias de Almeida explica que, por serem crianças recolhidas de ruas, em muitos casos, elas se sentem incomodadas com o regime de convivência aplicado no centro e, na primeira oportunidade que encontram, evadem-se do recinto, deixando a assistência regular à aulas e outras condições criadas a pensar no bem-estar social delas.
“Fácil não tem sido, mas é muito gratificante. Muitos chegam aqui bastante debilitados a nível de saúde. Tiveram alguma dificuldade no sistema de ensino formal, mas aqui, internamente, nós vamos trabalhando com eles e apertando nas explicações”, realça a responsável, ao referir-se a casos em que alguns que se evadem voltam voluntariamente.
A responsável pela organização de jovens, Júlio Varela, diz que, numa primeira fase, trouxeram apenas produtos da cesta básica, por serem aqueles de que o centro mais carece, porém não descarta a possibilidade de mobilizar outros recursos e apoios, de modo a olhar-se para outras necessidades, com destaque para roupas.
“Nós achamos fazer alguma coisa, já que o centro passa por muitas dificuldades. Para além da alimentação, vamos nos inteirar das reais necessidades, para ver se nós conseguimos ajudar, junto com outros meus amigos empresários”, comprometeu-se o jovem empresário.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela