Poucos ainda se devem lembrar. Há quem já não tenha sequer este acontecimento na memória. Foi em 2015. Alguém colocou numa das aeronaves no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro uma mala com muitos dólares.
Na altura, entre certezas e incertezas, houve quem dissesse antes que estariam no interior da mala mais de um milhão de dólares. Quando contabilizado, verificou-se que havia muito mais naquela aeronave que seguiria para a China.
Até aos dias de hoje, passados quase uma década, não se sabe quem são os proprietários de tão elevada soma, que em mãos de pessoas que precisam, ou aguardam por financiamentos, daria para fazer milagres. Talvez um dia apareça alguém.
Afinal, quem gostaria de desperdiçar tal soma. É comum em Angola falar-se de várias coisas, mas poucas acabam sendo confirmadas devido à natureza quase fantasmagórica que vamos imprimindo no dia-a-dia. E falar de fantasmas não é propriamente algo novo.
Distantes dos cemitérios, onde na infância nos foi incutido que existiriam ou dos nossos próprios sonhos, eles campearam durante anos em folhas de salários de instituições do Estado e empresariais para o benefício de um séquito de chico-espertos. Com as provas de vida que vão sendo feitas, regularmente, aos poucos se vai diminuindo o número de fantasmas.
Embora ainda pontifiquem por aí sérios indícios de que irão perdurar caso não se responsabilize aqueles que são os responsáveis pela sua introdução. Por estes dias, parece que os fantasmas têm procurado outros palcos para se divertirem.
O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), afecto à Polícia Nacional, é um deles. São inúmeros os telefonemas apontados como sendo falsos, o que faz com que as denúncias apresentadas também não tenham ou produzam qualquer efeito concreto.
Só em 2022, isto é, há dois anos, houve mais de três milhões de chamadas falsas para o referido órgão. No ano passado, 2023, só num único fim-de-sema- na registou-se mais de duas mil chamadas falsas e as respectivas denúncias em saco-roto.
Agora, chegou a vez da Inspecção Geral do Esta- do (IGAE). Segundo o director da instituição, João Manuel Francisco ‘João Pinto’, mais de 40 por cento das denúncias que a IGAE recebe são protagonizadas por indivíduos anónimos, e não possuem consistência do ponto de vista de provas materiais, ou seja, “são denúncias maliciosas, caluniosas, em que não aparecem rostos e muito menos documentos”.
Quem pensava que os fantasmas estivessem em extinção? … em Angola, parece que só mudaram de poiso. E continuam a imperar…