Com o primeiro evento, “Nação Teatro”, que arranca no próximo mês de Agosto em todas as províncias do país, vai debruçar-se sobre o tema “Produção Teatral”, a ser abordado por figuras que trabalham directamente na área, com o objectivo de trazer ao rubro os vários problemas que afligem a classe.
O encontro será de carácter mensal, realizado em datas diferentes. Em Luanda, vai acontecer no dia 08 do referido mês, no Auditório Horizonte Njinga Mbandi, e vai ter como prelectores Sophia Buco, Vanda Pedro, NeideVán-dunem e Adão Filipe, por serem tidos como profissionais nesta área, com várias produções a nível das artes cénicas.
O presidente da Associação, Tony Frampénio, avançou que os temas discutidos vão acontecer nas 18 províncias do país, organizado por uma comissão de trabalho recém-criada, com o objectivo de dinamizar as artes cénicas nas suas localidades.
A intenção, disse o responsável, é de fazer com que o tema seja difundido para que fique de conhecimento geral, principalmente das entidades de governação do nosso país, em particular o Ministério da Cultura.
Ao falar sobre o tema que vai estar em análise, o presidente da AAT referiu que a classe enfrenta grandes défices sobre este quesito, por ser uma prática que considera estar ligada a questões políticas e económicas. Verificou ainda a necessidade de a classe compreender os instrumentos políticos que orientam as actividades artísticas e comerciais no país.
“Quem produz deve compreender o exercício económico; como é que se faz pagamento e como se rentabiliza esta actividade. E nós, no teatro, dificilmente temos produções de grande envergadura económica e, muitas das vezes, o retorno não acontece. E quando é realizado uma grande produção teatral, ela acontece de cinco em cinco anos, ou de 10 em 10 anos”, constatou Tony Frampénio.
Questionado sobre a materialização deste projecto, o presidente da AAT disse que o mesmo possui um histórico em Luanda, onde, durante algum tempo, nos finais da década de 90, realizavam encontro de crítica e de formação dos grupos e artistas no Teatro Avenida.
Outro projecto similar, aponta, foi o “Há Teatro no Camões”, onde a classe se encontrava e discutia temas que considerou de grande preocupação, em 2016 até 2019. O mais recente, lembra, uma das primeiras actividades da actual direcção da AAT, foi o “Café Teatro”, onde reuniu os membros de conselho de honra, alguns percursores do teatro e outros que tiveram no desenho da formação académica no país.
“É assim que surge este projecto, de modos a dar continuidade à discussão destes temas que têm estado a preocupar a classe, mas também trazer à luz do dia outras temáticas, principalmente àqueles que estão dentro dos três eixos das preocupações desta 5.ª direcção que são a institucionalização da actividade teatral em Angola, a formação dos artistas de teatro em Angola e a produção, de modos a conseguirmos almejar a sustentabilidade do ofício do teatro”, asseverou.
A Gala de distinção
A “Gala Máscara de Ouro do Teatro” será realizada em Dezembro, e vai distinguir os fazedores de teatro em várias categorias que, durante o ano, realizaram projectos relevantes nesta disciplina. Vão fazer parte desta comissão os presidentes e responsáveis das várias associações e organizações de teatro no país. Pretende-se, com o evento, ter maior propriedade das ocorrências ao nível das artes cénicas.
“Uma vez que na televisão existe programas de música, na rádio também, e outras disciplinas do teatro, até na comunicação e imprensa há espaço para música e outros, dificilmente aparece as artes cénicas. E nós decidimos também ter um espaço, de forma muito especial para esta arte”, assegurou Frampénio.
Encontro com o Ministério da Cultura
Na audiência que terá no Ministério da Cultura, a 18 deste mês, Julho, o Presidente da AAT vai efectivar a entrega dos documentos sobre a política cultural que considera bastante extemporânea, uma vez que dez anos passados, isso desde 2010 até 2021, não mereceu a devida avaliação do seu impacto na vida dos artistas e da sociedade angolana.
Frampénio fez constar que Lei do Mecenato continua a ser ambígua, sem conseguir ‘seduzir’ os mecenas/empresários a apoiar cada vez mais o teatro. Este, entre outros pontos fundamentais para a dinamização do teatro no país, deverá ser discutido de acordo com a proposta apresentada por esta entidade governamental.
“Nós, enquanto artistas do teatro, precisamos desenhar e dar a nossa visão para que ela esteja expressa nesta política, assim como, por exemplo, esses documentos que foram discutidos no seio da classe. Nós vamos passar as nossas visões. Nós, que vivemos a prática teatral, sabemos quais são as nossas visões e esperar que sejamos atendidos e que, futuramente, essas políticas sejam materializadas”, augurou.