A discussão de economistas, políticos, agentes comunitários e outros especialistas, nos dias que correm, tem-se resumido, essencialmente, no facto de, em muitos casos, empresas explorarem recursos minerais sem contrapartida para a população local.
Os especialistas criticam aquilo a que chamam de exploração injusta em zonas «milionárias com população pobre». Ganda, Moçâmedes e Egipto Praia (Lobito) são regiões apontados como aquelas onde se têm verificado muitas situações dessa natureza.
Ciente dessa realidade, o Governo de João Lourenço, na perspectiva da satisfação do interesse da colectividade, tem colocado o acento tónico na obrigatoriedade de os empresários canalizarem para o «Portal do Munícipe» algumas percentagens do que se explora.
Ainda assim, há empresas que não cumprem com esse preceito normativo. No Cuemba, por exemplo, as autoridades locais têm pressionado e, por conseguinte, apelado a empresários para a necessidade de cumprimento do que está estabelecido.
“Nós insistimos. Eles também têm deixado alguma coisinha no portal do munícipe e eles também têm feito algumas doações para algumas actividades nossas locais.
Têm dado algum apoio”, resume a responsável. Para além disso, a administração local tem também assegurado que as empresas privilegiem a mão-de-obra local no processo de selecção de funcionários.
O município se vale por dispôr de vários recursos, dentre os quais carvão mineral, brita e diamantes. Em relação a este último mineral raro, duas empresas estão na linha da frente na sua exploração.
Todavia, o que tem vindo a preocupar as autoridades lo- cais é o garimpo, como fez saber a directora municipal do Desenvolvimento Económico, Débora Sopite. “Elas (as empresas) só estão a explorar ainda há seis meses.
Temos feito de tudo para combater o garimpo de diamante. Neste momento, só recebemos os agentes da migração estrangeiros no município há dois meses”, vincou a responsável, ao reconhecer dificuldades no combate a essa prática, a julgar pela dimensão territorial do Cuemba e envolvência de cidadãos estrangeiros.
A falta de extensão de rede telefónica em algumas zonas afigura-se, também, como um dos factores que concorrem para o fracasso do combate ao garimpo.
Porém, Débora Sopite sinaliza, pois, que, apesar dessa manifesta condicionante, tudo tem sido feito no sentido de pôr cobro a essas práticas consideradas «nefastas» para os recursos, cuja via de exploração deve ser a legal, conforme sustenta.
Produção versus dificuldades
Onde há produção, geralmente, se despontam também algumas dificuldades, admite a responsável. Sopite aponta as vias de acesso como um dos «calcanhares de Aquiles» para exploradores e agricultores no município do Cuemba.
Ela elucida que, no que se refere à agricultura, enormes quantidades de produtos se estragam nos campos de produção.
“A maior dificuldade que nós temos no nosso município é o escoamento dos produtos, por causa das nossas vias.
A estrada não chegou ao nosso município”, reclama Sopite, acrescentando que “ainda temos muitos produtos que se estragam, porque os nossos são de pequena escala.
Aquele que consegue produzir mais de cinco toneladas vai que não vai”. Ela assegura que, neste particular, os comboios do Caminho- de-Ferro de Benguela, apesar de não fazerem face à demanda, têm desempenhado um excelente papel no domínio da transportação.
“Mas, às vezes, o comboio já vem cheio do Moxico, não facilita os nossos produtores”, considera a responsável