O supermercado Jumbo tomou a iniciativa de deixar de usar gradualmente sacos de plástico para o atendimento aos seus clientes em 2016.
Porém, foram obrigados a recuar com a medida de protecção ao ambiente, porque os sacos de papel que usavam eram importados e deixaram de ter capacidade para suportar os custos financeiros.
O director comercial do supermercado Jumbo, Jorge Silveira, explicou que, em função da oscilação cambial, os custos começaram a se tornar onerosos e a situação financeira da empresa não suportava, até porque os sacos de papel eram dados gratuitamente aos clientes, mas, com a desvalorização da moeda nacional, não foi possível suportar mais os custos.
“Até 2022, ainda tínhamos sacos de papel em stock, depois deste período, voltamos a usar sacos de plástico. Temos consciência ambiental, se fosse possível, para nós, era plástico zero! Mas, infelizmente, não conseguimos, dado a essa condicionante”, lamentou Jorge Silveira.
O director comercial do Jumbo disse que tentou contactar algumas gráficas que transformam papel em sacos, mas, salientou, os custos ficam mais dispendiosos do que a importação. A única fábrica que poderia colmatar esta carência dos sacos de papel seria a Fábrica de Celulose, situada no Alto Catumbela, na província de Benguela.
Razão pela qual, entende que o principal entrave para a redução de uso de sacos de plástico, que poderá levar mais tempo a ser ultrapassado, prende-se com a inexistência de uma indústria de produção de sacos de papel.
Segundo Jorge Silveira, esta empresa, por sinal um dos supermercados mais activos do país em funções, tem uma política em carteira para incentivar os seus clientes a usarem menos sacos de plástico, mas ainda não foi aplicada.
O que passa por, de maneira a desencorajar os clientes, os sacos de plástico passarem a ser cobrados ou se reduzir a quantidade de sacos disponíveis para cada cliente. A nossa fonte apela que cada cidadão deve usar menos o saco plástico, tendo em conta que tem um período longo de degradação e não é amigo do ambiente.
Para esclarecer a gravidade do assunto, enfatizou que cada plástico atirado no lixo, na sua maioria, vai para ao mar e as espécies marinhas consomem este derivado do petróleo.
“Quem tiver possibilidade deve incentivar o surgimento de uma indústria de papel, de modo a ajudar na transacção da política de sacos de plástico para o papel”, apelou. Jorge Silveira garantiu que a sua empresa vai voltar a usar sacos de papel, tão logo haja condições.
Pasteleiras optam por usar papel reciclado
Por seu turno, a directora comercial da pastelaria e padaria Vanan, Paula Sérgio, contou que a sua empresa sempre usou sacos de papel na área de pastelaria, mas deixaram de importar há alguns anos, devido às dificuldades na sua aquisição, e passaram a usar sacos de papel reciclado.
De acordo com a nossa interlocutora, inicialmente, os clientes apresentavam dificuldades em aceitar o novo saco de papel, por ser reciclado, mas, com o passar do tempo, foram aceitando.
Assim sendo, actualmente, em to- dos os produtos à venda nas pastelarias, usam sacos de papel reciclado, tigela de esferovite ou caixa de papelão.
Porém, o mesmo não se aplica aos produtos que têm peso considerado, tais como garrafa de vinho, gasosas ou outro produto em lata, daí que usam sacos de plástico. De acordo com Paula Sérgio, a intenção de trocar os sacos de plástico para o de papel é uma mais-valia, até porque estariam a proteger o ambiente.
Entretanto, para tal, é necessário criar condições para substituir o produto, que passa pela produção em grande escala. Os sacos de papel reciclados são adquiridos na província de Luanda, no município de Talatona, em uma gráfica.