A construção de um hospital é justificada com o facto de o actual hospital ser incapaz para tamanha procura dos últimos tempos, em virtude do aumento de patologias como a malária, que tem assolado aquele município.
Focando-se nos números, a directora do Hospital Municipal do Cubal, Rosa Juca Sessa, referiu que, diariamente, a unidade sanitária chega a atender 20 a 24 casos.
Esse quadro, conforme justificou, ao jornal OPAÍS, à margem da visita que o delegado do MININT efectuou ao hospital, no calor dos 45 anos desta instituição, vai, em certa medida, preocupando a sua direcção.
Nessa perspectiva, o que deixa Rosa Juca Sessa satisfeita, não obstante o grau de preocupação ora apresentado, é o facto de que, nos dias que correm, fármacos – com destaque para os anti-palúdicos – já não constituírem preocupação.
“Tem havido medicamentos para distribuir a quem acorra àquela unidade sanitária à procura de saúde”, revelou. Este facto foi confirmado, momentos depois, por pacientes com quem este jornal privou nos corredores e salas, onde recebiam assistência médica e medicamentosa.
No dia em que a reportagem deste jornal esteve no hospital, Benjamin Filipe esteve internado com o seu filho, de apenas 4 anos, havia já alguns dias.
Ele conta que, ultimamente, tem notado uma certa apatia naquela que é, para as outras crianças, a mais brincalhona entre todas. Inicialmente, tinha ignorado os sinais.
Dado o agravar do quadro dela, recorreu, pois, à medicina tradicional, administrando alguns chás, esperançado de que fosse melhorar. O insucesso em consequência dessa prática levou-lhe a procurar o hospital.
Posto lá, prestados os primeiros socorros, os técnicos de saúde informaram-lhe que o diagnóstico patológico tinha sido malária.
“Aqui já nos falaram em internar, porque ele tinha febre. Estava sempre bem quente. Mas, ainda hoje (referindo ao dia em que este jornal conversou com ele), está bem. Já está a brincar.
Não tivemos problemas de medicamentos, nos deram mesmo”, explicou, pronunciando-se na língua nacional umbundu. Sintomas semelhantes teve a filha de Teresa Ngueve, ao que ela se viu obrigada a acorrer também ao hospital municipal.
Diferente de Benjamim, Ngueve fez-se logo à unidade sanitária, onde a sua pequena viria, igualmente, a ser diagnosticada com malária. Pelo estado em que se encontrava, segundo explica, só fez ela muito bem em recorrer rapidamente, caso contrário perderia a filha de seis anos de idade. “Estava mesmo mal, agora já está a recuperar, já come mesmo bem”, confessou visivelmente satisfeita.
Cirurgiões precisam-se
Rosa Juca Sessa, a directora do hospital, continua a colocar o acento tónico na questão relativa à falta de cirurgiões. De entre os especialistas de que se precisam, estão cirurgiões, sendo um gineco-obstetra e outro geral, para além da necessidade de técnicos, embora não se tenha referido a números.
Entretanto, o facto é que os 208 funcionários globais, 20 dos quais médicos (destes apenas oito funcionam em pleno, porque 12 estão em formação), não têm sido capazes de dar resposta à demanda de pacientes, daí ter sugerido o aumento. “Precisamos também de pelo menos 120 camas.
Hoje, a maternidade não responde à demanda”, lamenta a responsável, ao acrescentar que o hospital conta com 21 serviços, sendo a malária, doenças do foro respiratório e a hipertensão as patologias mais frequentes. “Mas, aquilo que a gente sabe é que está prevista a construção de um hospital”, salienta.
Especialistas consultados por este jornal, no Cubal, sustentam que a solução não passa pela construção de um novo hospital da dimensão do já existente, como sugere a responsável. Porém, o ideal seria apostar seriamente na implantação de postos e centros de saúde em algumas comunidades, a fim de desafogar o de referência na região.
Em declarações à imprensa, o administrador municipal do Cubal, Paulino Banja, deu conta que, no âmbito do Programa Integrado de Combate à Fome e à Pobreza, se prevê a construção de escolas e unidades sanitárias, sem se referir à natureza destas, se são centro e postos de saúde e/ou hospital municipal.