Alguns agricultores sustentam que, nos dias que correm, em ter- mos de produção de alimentos, o país já se pode dar por feliz, sendo a aposta séria na construção de vias terciárias e secundárias as fórmulas de que se precisam para Angola deixar de importar alguns produtos para a dieta alimentar dos angolanos.
O grande problema, conforme dizem, prende-se também com a falta de estradas para garantir que os produtos saiam do campo para a cidade e o acesso ao crédito agrícola.
A feira agro-pecuária que João Lourenço visitou, tão logo chegou ao Cuito, Bié, no seguimento da sua visita, é parte de uma amostra que os agricultores provenientes dos nove municípios quiseram dar sinais de vitalidade, no que à produção de alimento diz respeito.
Ao Presidente da República foram explicadas as potencialidades de municípios como Andulo, Cuito, Cuemba, Catabola, para citar apenas estes. É certo que, em muitos casos, para além das vias de comunicação, os agricultores vão se debatendo com problemas de fertilizantes, que nem sempre chegam a tempo.
Entretanto, o ministro da Agricultura e Florestas, António de Assis, manifestou que a fábrica a ser erguida no Cuanza-Norte, fruto de uma parceria entre a Sonangol e o Grupo OPAIA, será a solução para o país deixar de ser importador de fertilizantes.
O governador provincial do Bié, Pereira Alfredo, porém, já garantiu a disposição de toneladas de fertilizantes, que deve chegar à província nos próximos dias.
Estradas condicionam escoamento da produção
Os homens do campo sustentam, de entre outros factores que encarecem os produtos do campo, a falta de estrada para escoar os produtos do campo para a cidade. Elisa da Graça, administradora comunal de Calucinga, município do Andulo, lamenta que enormes quantidades de tomate se estraguem nos centros de produção.
“Por exemplo, o ano passado, tivemos três produtores a gritar. Um perdeu três hectares, outro quatro, por falta mesmo de transporte. E nas frutas, os abacates, muitas vezes, também estragam-se lá”, salientou.
A também mulher do campo manifestou estar ciente de que o Presidente da República está a par dessas preocupações e considera-o muito sensível para problemas dessa natureza. À feira agro-pecuária, Elisa da Graça diz ter levado culturas produzidas todas no Andulo.
Feijões branco, vermelho, Catarina e Sicotelo, abóbora, soja em grão, milho amarelo, café arábica e comercial são partes do que ela diz que os solos férteis do Andulo são capazes de proporcionar. “No caso, trouxemos 16 variedades de feijão.
É uma terra fértil e o que tem como dificuldade para os produtores são mesmo as vias de acesso para tirar os seus produtos das localidades onde cultivam para as cidades e poderem fazer as vendas”, disse a expositora.
Do Cuemba vêm também relatos de problemas relativos ao escoamento de produtos do campo para os grandes centros de consumo.
Em virtude da falta de vias de comunicação, alguns agricultores com algum poder financeiro vêm-se obrigados a desembolsar pouco mais de 200 mil kwanzas para garantir que o produto chegue à mesa de milhares de famílias em zonas urbanas e não só. Neste momento, o Cuemba é dos poucos municípios do país a produzir arroz e milho em grande escala.
Carrinho Agri e o FADA “de mãos dadas”
No apoio à produção de grãos “Nós temos aí três cooperativas e cinco produtores individuais que já se beneficiaram”, disse a este jornal a directora municipal do desenvolvimento económico, Débora Sopite, sinalizando, pois, que o projecto “INEFOp-FADA” prevê beneficiar mais 30 jovens agricultores.
“porque as linhas de crédito para agricultura só estão a aumentar”, resume a responsável, que enaltece o aumento de crédito que o governo, ciente das dificuldades, tem vindo a desbloquear.
Depois de ter visitado demoradamente e ouvido as preocupações de cada expositor na Feira Agro-pecuária o presidente da República procedeu à entrega de imputes agrícolas para o fomento à produção.