A informação foi avançada durante uma conferência de imprensa, realizada pelo secretário provincial do Galo Negro na Huíla, Augusto Samuel, onde apresentou o relatório de trabalho realiza- do nos últimos dias nos 14 municípios da província, no âmbito da campanha denominada “Operação Proximidade”.
Augusto Samuel disse que, fruto da denominada “Operação de Proximidade”, foi possível constatar inúmeros atropelamentos à lei na execução de vários projectos de impacto social protagonizados pelo governo local.
Entre os atropelos apontados destacou a falta de fiscalização da actividade mineira nos municípios do Chipindo, Rivungo e Jamba. Segundo o político, o garimpo de ouro nestes municípios já não é feito por cidadãos particulares, mas, sim, por empresas detidas por indivíduos detentores de cargos militares e políticos ligados ao partido que governa, com a conivência das autoridades governamentais destes municípios.
“O que está a acontecer no rio Tchissoin, arredores do município de Chipindo, é grave. Estão a matar as espécies aquáticas, sobretudo o peixe que outrora constituía parte da dieta alimentar das famílias”, lamentou, acrescentando ainda que “encontramos um cidadão de nacionalidade chinesa que opera as máquinas de exploração de ouro.
Estão a lavar o cascalho no mesmo rio em que se retira a água para o consumo animal e humano”. Levar o caso ao Parlamento Por outro lado, o também deputado à Assembleia Nacional, pela bancada parlamentar da UNITA, disse que, com vista a corrigir a situação, o seu partido está a elaborar um relatório que será remetido, nos próximos dias, ao presidente da referida bancada, para que o assunto seja discutido a nível parlamentar.
De acordo com o político, que falava em conferência de imprensa, a presença de empresas exploradoras de ouro, muitas delas sem licença, são detidas por dirigentes políticos e do sector de segurança, que contam com a colaboração dos administradores municipais.
“Depois das informações recolhi- das no terreno, apuramos que estas empresas, sem licença, são detidas por gentes com um certo poder e que vive em Luanda. Vamos produzir um relatório que será entregue à nossa bancada parlamentar para que o mesmo chegue à presidente da Assembleia Nacional e encontrar-se um espaço para debater o assunto”, afirmou.
Augusto Samuel falou igualmente da existência de intolerância política, sobretudo no interior da província, onde, para se ter um cargo de direcção e chefia numa instituição pública, é obrigatório, segundo disse, ser do partido MPLA.
“É verdade que já não há intolerância política daquela que se traduz na agressão de militantes, na vandalização de bens ou queima de bandeiras, mas existe uma outra que é mais grave, que consiste na partidarização das instituições públicas e até das autoridades tradicionais”, deplorou.