O caso, tipificado como ofensas graves à integridade física, que resultou na morte de Alberto Poba, também conhecido por “Pai Grande”, natural de Cabinda e residente no bairro Povo Grande, ocorreu, na madrugada do dia 30 do mês passado, nas imediações do hospital do Povo Grande.
Segundo apurou o jornal OPAÍS junto do porta-voz do comando provincial da Polícia Nacional em Cabinda, intendente Marcos Coxito, o agente Bartolomeu Kinga Kissueque, que se encontrava de folga, nesse dia, foi conviver no local, acompanhado da namorada, quando, no percurso, foi abordado por quatro motoqueiros que pretendiam, a todo custo, ficar com a sua companheira.
Perante a situação, o agente da polícia não aceitou a pretensão dos jovens motoqueiros, instalando-se no local uma desavença que depois desembocou numa grande confusão. Para além dos quatro motoqueiros, outros moradores da zona, sobretudo jovens, apercebendo-se da confusão, envolveram-se na agressão do agente da Polícia Nacional, segundo a fonte.
No intuito de se livrar da agressão e dispersar os agressores, Bartolomeu Kinga Kissueque empunhou uma pistola e efectuou três disparos, tendo um dos quais atingido mortalmente o jovem Alberto Poba, “Pai Grande”.
Apercebendo-se da gravidade da situação, o agente da ordem colocou-se em fuga, mas, por algum descuido, colocou a pistola na cintura sem, no entanto, fechar a patilha de segurança da arma e, ao escalar um muro, produziu, involuntariamente, um disparo que lhe atingiu a região da virilha e caiu estatelado no chão.
A população que o perseguia para o espancar, encontrou o agente de bruços e imóvel e, com o receio de que estaria morto, retirou-se. Bartolomeu Kinga Kissueque foi, depois, socorrido por um carro de patrulha da Polícia que o transportou para o hospital militar para cuidados médicos.
De acordo com o porta-voz da Polícia Nacional, Marcos Coxito, havia um receio para que o agente fosse levado para o hospital provincial de Cabinda, uma vez que no local já se notava a presença de alguns familiares e amigos do falecido que pretendiam levar a cabo uma acção de retaliação.
Dada a gravidade dos ferimentos, o médico do hospital militar, sem saber que o paciente estivesse envolvido numa acção de homicídio, transferiu-o para o hospital provincial, acompanhado por um enfermeiro.
“Ao ser retirado da ambulância para maca, um dos amigos do malogrado se apercebe que se tratava do agente da polícia envolvido no caso e, brutalmente, retiram- lhe da ambulância e começaram a agredi-lo, o que provocou um tumulto no hospital, tendo sido necessário a intervenção das forças da ordem para acalmar a situação”, explicou Marcos Coxito.
De acordo com o porta-voz da Polícia Nacional, o malogrado “Pai Grande” fazia parte de um grupo de jovens envolvidos em crimes de burlas e, sempre que tivessem algum sucesso numa operação de extorsão, protagonizam comportamentos conflituosos.
O Comando Provincial de Cabinda da Polícia Nacional lamenta o facto ocorrido e apresenta à família enlutada do malogrado Alberto Poba sentimentos de pesar e apela à população a recorrer às autoridades sempre que se registam situações do género para serem accionadas as forças da ordem.
SIC detém quatro supostos autores da agressão
Entretanto, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve, na quinta-feira, quatro jovens que estariam supostamente envolvidos na agressão física do agente Bartolomeu Kissueque, no Hospital Provincial de Cabinda, na madrugada de 30 de Junho do corrente ano.
Segundo as autoridades policiais, as detenções ocorreram na sequência investigativa face às agressões ao agente, tendo da operação resultado também a apreensão de uma pistola, dois carregadores e duas viaturas que suposta- mente teriam apoiado os jovens ao local da agressão.
Pelo sucedido, segundo apurou o jornal OPAÍS, decorrem trâmites junto à direcção provincial do Serviço de Investigação Criminal dois processos-crimes que visam apurar a responsabilidade civil e criminal, quer do agente da Polícia, que se encontra ainda interna- do sob cuidados intensivos, quer dos jovens agressores, bem como prosseguem diligências para deter mais pessoas envolvidas na agressão.
De acordo com o magistrado do Ministério Público junto do SIC, os jovens ora detidos foram encaminhados ao Juiz de Garantias, sendo que dois dos quais lhes foram aplicadas a medida de coacção mais gravosa (prisão preventiva) e outros dois soltos sob termo de identidade e residência.