O abandono de pacientes tem sido frequente no hospital. Na maior parte dos casos não há contacto com os familiares, pois os números telefónicos que deixam já não funcionam.
Os casos mais antigos são de um antigo militar, Domingos Fernando “Mexicano”, que deu entrada na unidade em 1999, com transtornos mentais e comportamentais, devido ao uso abusivo de álcool e outras drogas; de Francisco Cabinda, chegado em 2002, e de Veríssimo Nóbrega, no ano seguinte, com esquizofrenia.
Hoje são conhecidos como os “inquilinos” do hospital. Outros dois casos afectam António Domingos Joaquim, que deu entrada na unidade hospitalar em 2007, e Simão Jamba, em 2008, ambos diagnosticados com epilepsia.
Há o registo de um outro, identificado por José Liquembe, que entrou em 2010, com transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool e outras drogas.
Trata-se de pacientes abandonados com idades entre os 19 e 60 anos. Desde o seu internamento, nunca receberam visita de familiares.
Em declarações à ANGOP, a propósito do assunto, o director administrativo do Hospital Psiquiátrico da Huíla, Idezibal Aldino, deplorou a “situação preocupante”.
Dos 50 abandonados, os mais antigos são entre 15 e 20, que se encontram tratados e em condições de serem reintegrados nas famílias.
“A questão colocada é onde é o seio familiar, pois muitos já não conseguem dizer, pelo tempo que se passou. Algumas vezes, fazemonos valer da comunicação social para fazer chegar a informação e, em alguns casos, os familiares reconhecem o paciente a partir de uma cadeia televisiva e aparecem para levar o seu parente”, explicou.
Outra ajuda, conforme disse a fonte, tem vindo do Gabinete da Acção Social Família e Igualdade de Género, através da localização familiar e a subsequente reintegração.
As visitas, segundo Idezibal Aldino, são permitidas todos os dias. Só os 50 pacientes abandonados não são visitados.
“Os técnicos de saúde da unidade hospitalar passaram a ser os seus familiares mais próximos”. Segundo Idezibal Aldino, alguns pacientes chegam ao hospital por si só, outros, os familiares deixam-nos no portão do hospital e não voltam e alguns até são levados pelos parentes, mas, na altura da alta médica, recusam receber o seu familiar.
Alguns familiares disponibilizam os dados formais para o processo do paciente, porém, mais tarde, a instituição se apercebe que se trata de informação falsa, alertou.
O hospital tem uma capacidade de internamento de 90 camas e está a beneficiar de uma obra de ampliação que vai duplicar os seus leitos. Na unidade, há 76 pacientes internados, destes, 57 são homens.