Em resposta às recentes declarações do presidente do Conselho de Administração do Banco BIC, Hugo Teles, sobre a reversão da decisão de demitir 400 funcionários, o economista Eduardo Manuel ressaltou a intervenção do Banco Central.
Eduardo Manuel afirmou que o BNA, como órgão regulador, deve sempre mitigar os impactos negativos das decisões das instituições bancárias.
Segundo o economista, a pressão do BNA influenciou na decisão de Hugo Telles de não prosseguir com os despedimentos. Para ele, “as medidas e expectativas actuais do BNA foram suficientes para convencer a administração do BIC a recuar”, esclarece.
O especialista explicou que a falta de diálogo institucional prévio entre o BIC e o BNA e a pressão dos clientes do banco devido às necessidades de divisas contribuíram para a confusão inicial.
“O desmentido da decisão de despedimento pelo PCA Hugo Telles demonstra a confiança do BIC nas políticas do BNA e no mercado angolano”, afirmou Eduardo Manuel, enfatizando que a confiança no sector financeiro angolano permanece, mas sublinhou a necessidade de um diálogo mais robusto entre o Banco Central e as instituições financeiras.
Eduardo Manuel também apontou para uma possível falha de comunicação interna no BIC, que pode ter levado às declarações iniciais de Hugo Teles sobre os despedimentos.
Contudo, ele considera positivo que a decisão tenha sido revertida. O economista alertou que informações desse tipo podem gerar reacções negativas nas famílias, especialmente em tempos de crise económica e alto nível de desemprego.
“Essas situações podem resultar em problemas familiares graves, como a perda de acesso à saúde e educação para crianças e adolescentes e um aumento no número de divórcios”, concluiu.
Esta intervenção do BNA e a subsequente decisão do Banco BIC de manter os 400 funcionários são vistas como um passo importante para a estabilidade do sector bancário angolano, reforçando a confiança dos stakeholders na economia do país.
“Risco sistémico”
O também economista Janísio Salomão, disse que o PCA do BIC, nas suas declarações, fêlo hipoteticamente e que houve incongruência por parte dos órgãos de comunicação social sobre aquilo que efectivamene havia sido informado.
A banca, acrescentou, vive num mundo todo interligado e qualquer problema de um banco pode ter uma consequência muito directa noutro banco, denominado “risco sistémico”.
Por esta razão, entende que uma situação desta pode causar grandes constrangimentos nas próprias instituições, fazendo com que os clientes se sintam ameaçados por perceber que não existe uma espécie de segurança, sobretudo quando se fala da liquidez, que é um aspecto controlado pelos clientes e pelos gestores.
Janísio Salomão sublinhou que tudo isso pode causar falência, problemas ligados a incumprimentos e solvabilidades de bancos que operam no país, recordando casos como o do Banco Espirito Santo Angola (BESA), que teve de encerrar as portas por questões de insolvência. “Essa questão pode eventualmente ter causado um abalo no próprio Banco BIC”, sublinhou.
Por: Francisca Parente