O jornal OPAÍS tentou o contacto com o Decano da Faculdade de Economia, Redento Maia, que orientou a vice-decana para os assuntos académicos, Teodora Costa, a nos receber.
A princípio, Teodora Costa lamentou a situação, muito pelo facto de os estudantes terem tornado público um assunto interno e que devia ser muito bem resolvido ali mesmo.
De forma muito sucinta, a vicedecana predispôs-se a esclarecer, em primeiro lugar, que os estudantes não são inocentes, pois sabem o que fizeram, já que “uma propina que devia ser paga a 15 mil Kz, os estudantes encontram um canal onde pagavam 12 mil Kz, mesmo estando consciente de que não estavam a fazer a coisa certa”, sublinhou.
A entrevistada confirmou que os funcionários envolvidos nisto estão a responder junto do SIC, são muitos e consoante às investigações o número tem crescido, pelo que confirma a expulsão de pelo menos um funcionário desde a abertura do processo, mas que não pôde avançar o nome.
“Andaram a pagar de forma ilegal, com um grupo de funcionáios, mas a faculdade, muito menos o Estado, não pode sair lesada nisso.
O valor global do prejuízo está à volta de 80 milhões de Kwanzas”, disse ela, tendo reconhecido que isto não é de hoje, tem anos, mas apenas detectaram agora após terem feito uma auditoria ao sistema.
Quanto ao facto de os estudantes terem adoptado aquela forma de pagamento por causa das burocracias e/ou desorganização da Faculdade, a entrevistada disse que “uma pessoa consciente, bem comportada, se tiver que tratar alguma coisa que demora muito, não vê como melhor solução procurar a via genérica por causa das curvas.
Há demora, sim, desde que a Faculdade aderiu ao pagamento na Conta Única do Tesouro (CUT), mas isso não justifica que tenha de fazer pagamento de forma ilegal”, disse.
Reforçou que todos os pagamentos, até mesmo o de folha de prova, vão para a CUT, e há enchente, mas isso não justifica a ilegalidade.
A dívida não “morrerá solteira”, por isso os estudantes terão de pagar ao Estado, e o que estão a fazer é negociar o pagamento, como fazê-lo de forma parcelar.
Associação dos Estudantes tenta intermediar
O secretário-geral da Associação dos Estudantes da FECUAN, Niquem Sankara, confirmou que a faculdade internamente está a resolver este problema, houve uma reunião com os delegados de cada turma, onde se concluiu que os estudantes estão a interagir com a instituição no sentido de verem regularizada a situação.
Os estudantes, segundo o entrevistado, conhecem o erro que foi cometido e, quem acha que pode resolver, foi aberta a possibilidade de conversarem com os delegados de turma, estes reportarem à Associação e esta, por sua vez, intermediar junto da Faculdade.
“Muitos desses indivíduos, a quem os estudantes davam os valores para o pagamento da propina, eram também estudantes, e alguns estão foragidos, mas estamos a procurar um meio-termo de resolver, de forma interna”, disse.
Niquem Sankara disse ainda que a melhor solução é a conversa e buscam isso com os estudantes, pelo que achou estranho que estes tenham preferido levar o problema interno aos órgãos de comunicação social, também porque, às vezes, quem conta uma história pode estar a faltar com a verdade.
O líder estudantil acredita que o processo, estando nas mãos justiça, dar-se-á melhor tratamento e sugeriu ao nosso jornal que fosse ouvir também a PGR sobre o assunto, já que se fala que o caso está a ser tratado neste órgão.