É no interior dos municípios de Benguela onde saem o maior número de pessoas albinas que morrem por cancro da pele, muitos por falta de informação, que propicia a chegada em estado avançado da doença aos hospitais.
Segundo Arlindo Kapiñala, desde o ano passado até à data presente, a associação que dirige registou perto de 30 mortes, e há registos de associados que terão chegado tarde aos hospitais, por acreditarem que era uma “tala” (mina tradicional) e perde tempo a tentar tratar com ervas.
Considerou que a situação dos albinos na sua localidade é razoável, tendo, numa escala de 0 a 10, dado uma nota de 4,5 de organização, uma vez que têm consultas gratuitas de dermatologias, oftalmologia, maxilo-facial, psicologia clínica e aconselhamento, especialmente para a classe.
As consultas são realizadas uma vez por semana, são atendidos também albinos que vêm das províncias do Cuanza-Sul e Huíla, pelo que defende que, em termos de saúde, estão minimamente assegurados, porém, não é suficiente, tendo em conta que há a necessidade de se adquirir os fármacos e os mesmos, na sua maioria, são caros, sobretudo os cremes, protectores solares e os óculos.
“Actualmente, a preocupação é que todos os albinos beneficiem destas consultas, com maior realce para os municípios que estão no interior, pelo que o trabalho tem sido em conjunto com as administrações municipais.
Em função disso, temos registados mais pessoas com cancro da pele, uma das maiores causas de morte”, sublinhou. Voltou a sustentar que a maioria das pessoas com esta patologia vem do interior da província, e a falta de informação é preocupante, uma vez que não têm acesso aos meios de comunicação.
As consultas de psicologia clínica e aconselhamento têm sido muito importantes, porque muitos sofrem bullying, não têm confiança em si e se sentem inúteis.
Associação pede mais apoio do Estado
De acordo com Arlindo Kapiñala, estão agora em negociação com o Ministério da Saúde, para que se criem condições que permitam a que uma equipa médica passa a se locomover para o interior dos municípios.
Uma das preocupações que almejam ver ultrapassada é a questão dos óculos, pois muitos não têm condições de os adquirir, o que impede de continuarem os estudos, por exemplo.
“Está aprovado que 99% dos albinos vivem com problemas de visão e problemas na pele (e, para minimizar a situação, é necessário que adquiram os cremes de protecção solar)”, sublinhou.
Referiu que querem que o Estado apoie a associação nas campanhas de reeducação da população, para minimizar o preconceito, com maior realce nas empresas, de modo a darem também oportunidade de emprego aos jovens albinos.
“Até ao momento, contamos com 400 albinos formados, sem emprego”, lamentou. Quanto à discriminação, a problemática ainda se faz sentir, mas a sua associação tem trabalhado para ver ultrapassada, para tal, têm sido realizadas palestras nas escolas, igrejas e nas comunidades, onde procuram esclarecer às pessoas alguns mitos sobre os albinos que travam a convivência saudável.
Por sua vez, o porta-voz da 3.ª Conferência Nacional Pró-albino, Paulo de Carvalho, disse que ainda se registam pessoas a morrerem com problemas de cancro da pele e grande número de pessoas portadoras de albinismo que não têm óculos, devido ao elevado custo.
O movimento recebeu uma denúncia que dá conta que os bebés são prematuramente mortos, por conta de mito (que se alguém dar à luz ao filho albino vai trazer maldição na família), o que também representa uma preocupação.
Por outra, disse que há os albinos que trabalham e não ascendem a cargos de chefia, mesmo tendo as mesmas valências com os colegas não albinos, que também devem acabar com isso.