Heitor Carvalho, que falava durante a apresentação do primeiro Relatório Anual de Emprego, referente ao ano 2023, sublinhou que mais de 80% dos candidatos situam-se na faixa de 23-35 anos (jovens adultos), os candidatos com menos de 35 anos representam 88% da amostra.
O relatório foi elaborado pelo portal de emprego JOBARTIS, em colaboração da CINVESTEC e a Comunidade de Recursos Humanos de Angola (CRH). De acordo com o pesquisador, a maioria dos candidatos que procuram emprego não possuem qualquer experiência para as áreas em que são solicitados e 75% dos candidatos não preenchem o valor que gostariam de auferir durante uma candidatura de trabalho.
Heitor Carvalho referiu que o mercado de trabalho mantém-se dominado pelas empresas diversas do conjunto dos candidatos que preencheram o formulário para a proposta salarial, 71 por cento escolheu auferir um salário que vai dos 70 e 450 mil kwanzas.
Em relação à dispersão salarial, os estudos mostram que existe uma grande diferença no pagamento dos trabalhadores, em relação às várias ofertas apresentadas pelas entidades empregadoras.
Os menores salários são de 30 mil kwanzas, ao passo que o maior ronda aos 15 milhões de kwanzas, com uma média não ponderada dos 495 mil kwanza e mediana dos 250 mil kwanzas. “O mercado do emprego em Angola continua com uma oferta global muito inferior à procura, o afastamento entre a procura e a oferta situa-se entre 80% e 90% para to- dos os níveis de experiência”, ressaltou.
Plataforma digital
Por sua vez, o responsável do portal de empregos JOBARTIS, Luis Verdeja, afirmou que a iniciativa para produção do Relatório Anual de Emprego, não vem para concorrer com os dados das estatísticas oficiais, mas, sim, fornecer dados relevantes sobre o mercado de trabalho. Explicou igualmente que o estudo visa informar a população angolana, as instituições e as empresas para melhor tomadas de de- cisões com os trabalhadores.
“A nossa iniciativa nunca foi concorrer com as estatísticas oficiais, até porque nós não temos esta capacidade. Porém, é importante contribuir pelo facto de ser um site de em- prego, plataforma digital, e quem está no digital é um seguimento da população e nós não podemos produzir um relatório de abrangência nacional”, explicou.
Para Luis Verdeja, a iniciativa da sua organização tem uma certa relevância para Angola, por se tratar de um projecto que já existe em muitos países com relatórios semelhantes sobre estatística de desemprego. Já o director Nacional do Trabalho, António Estote, disse que este relatório vem para complementar as estatísticas oficiais publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), fornecendo uma informação qualitativa de emprego, apenas na perspectiva digital.
António Estote reconhece o facto de haver ainda um défice na recolha de dados administrativos sobre o mercado de trabalho, porém, salienta existirem grandes oportunidades de melhoria no tratamento e recolha de dados.
A JOBARTIS é considerado o maior portal de emprego em Angola, sendo que dispõe, actualmente, da maior base de dados de profissionais no país, tendo alcançado mais de um milhão de candidatos registados e mais de 11 mil empresas.