As populações abdicam-se dos serviços dos postos e centros médicos das suas áreas de residência para se “afunilarem” no hospital provincial e no Hospital Geral, em busca de melhores condições de assistência médica, pelos motivos acima mencionados.
A situação causou preocupação ao grupo de deputados do círculo eleitoral provincial de Cabinda que programou, com efeito, uma visita de constatação aos referidos centros e postos médicos para aferir as suas condições de trabalho. “Nos últimos tempos, temos estado a assistir enchentes nos hospitais provincial e geral que achamos estranho, quando muitos dos nossos concidadãos nas áreas onde residem existem postos ou centros médicos”, referiu o deputado da UNITA, Lourenço Lumingo.
Por isso, disse, visitaram essas unidades sanitárias para constatar a realidade sobre o seu funcionamento, porque “precisamos compreender a qualidade dos serviços prestados à população para chegarmos a conclusão sobre as causas desse abandono dos postos na sua área de residência para ficar, às vezes, um dia inteiro no hospital provincial por uma simples consulta.”
Nesta jornada de trabalho, os parlamentares visitaram os hospitais do Zenze-Lucula, Cinga, Chiweca e Povo Grande e os centros e postos médicos de Buco-Mázi, Ntendequele e do bairro 4 de Fevereiro.
“Visitamos a rede primária de saúde do município de Cabinda e constatamos vários problemas e, por causa dessas dificuldades, tínhamos que fazer um balanço com a secretaria provincial da Saúde. Colocamos as preocupações que encontramos no terreno e comprometeram-se em dar solução naquilo que diz respeito ao sector da Saúde”.
Em relação à energia eléctrica e a água, o assunto será encaminhado ao respectivo sector para resolver, já que a falta destes serviços estão a condicionar o normal funcionamento dessas unidades sanitárias localizadas na periferia. Para a deputada do MPLA, Berta Marciano, o actual estado que apresentam algumas infra-estruturas sanitárias necessitam de uma reabilitação profunda para que os utentes e os profissionais de saúde possam ter condições de trabalho e de assistência condignas.
Disse também ser muito importante e urgente rever a questão de abastecimento de medicamentos. “Há insuficiência de medicamentos nos centros e postos de saúde que visitamos. Existem aqueles medicamentos que chamamos de emergência, os primários, para acudir uma dor de cabeça ou para tratar uma malária. Isto só não basta (…). Mesmo esses fármacos primários há insuficiência”.
Respondendo às preocupações dos deputados, o secretário provincial da Saúde em Cabinda, Rúben de Fátima Buco, rebateu a ideia que no todo a situação da saúde na província esteja mal, reconhecendo algumas insuficiências que serão resolvidas a seu tempo, já que o governo está a potenciar a periferia com vários serviços.
“Temos a noção de que potenciando a periferia a todos os níveis quer no domínio das infra-estruturas, quer no domínio da logística e dos recursos humanos, mas vamos descongestionar as unidades de referência a nível da nossa província”, garantiu.
No âmbito do PIIM, disse haver investimentos a nível das infra-estruturas, assim como há um grande investimento na vertente formativa permanente e contínua dos profissionais a todos níveis, não só de médicos, mas também de enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutico e pessoal administrativo.
Hospitais vão ser modernizados e ampliados
Rúben Buco adiantou que Cabinda deverá ganhar proximamente duas unidades sanitárias com categoria de hospitais provinciais, à luz do estatuto orgânico aprova- do pelas estruturas competentes.
Para tal, deverão ascender a essas categorias os hospitais Materno Infantil (maternidade) 1.° de Maio e Santa Catarina, que vão, em breve, receber obras de ampliação para acomodar mais serviços, sobretudo os blocos operatórios, e aumentar a sua capacidade de internamento.
“O hospital da Santa Catarina terá capacidade para tratar quer doenças médicas, quer cirúrgicas. No âmbito do PIIM, esta unidade vai beneficiar de obras para a construção de um bloco operatório para que se configure como um hospital provincial, tendo em conta a sua localização geográfica, no sentido de absorver mais pacientes na zona periférica e assim melhorar a qualidade de resposta assistencial a nível das unidades”, esclareceu.
Para Rúben Buco, o sector da saúde na província, com os investimentos feitos, é notório o seu desenvolvimento em termos de respostas a algumas situações que faziam com que os cidadãos se deslocassem para os países vizinhos ou para outras províncias do país. “Hoje, já demos respostas à situação da diálise e a alguns exames de alta complexidade”, enfatizou.
O responsável do sector da saúde em Cabinda apontou a malária como a principal causa de óbito na província. “Estamos a investir não só na saúde primária, mas também na saúde curativa, olhando naqueles marcos de que quanto mais factores de risco estiverem evidentes, como o saneamento básico do meio, mais casos se registam”.
Para além da malária, as autoridades sanitárias na província estão preocupadas com a incidência da prevalência de doenças crónicas não transmissíveis, como a hipertensão e suas implicações, que vão criando situações graves de AVC, insuficiência renal e problemas de oftalmologia e cardíacos.