Com apenas pouco mais de 16% dos votos contados, confirma-se a tendência prevista pelas sondagens, antes das eleições, e o ANC – que governa com maioria absoluta desde a chegada de Nelson Mandela ao poder, em 1994 – está agora reduzido a cerca de 42%.
A confirmar-se, tal significa que, pela primeira vez, o ANC precisará de uma coligação para se manter no governo e de um acordo com outros partidos para reeleger o seu líder, Cyril Ramaphosa, como Presidente do país, para um segundo mandato de cinco anos.
Embora desde 2004 o ANC tenha vindo a perder força a cada eleição, nas eleições gerais de 2019 conseguiu manter uma confortável maioria de 57,5%. Se a tendência se mantiver, desta vez perderia cerca de 15 pontos.
Seria a primeira vez desde as primeiras eleições multirraciais na África do Sul, após o fim do regime do apartheid, em 1994, quando Mandela se tornou o primeiro Presidente negro do país, que o ANC não consegue obter uma maioria absoluta.
Em segundo lugar surge a Aliança Democrática (AD, centro-direita liberal), de John Steenhuisen, com cerca de 25% dos votos, muito acima do resultado de 2019, em que obteve 20,77%.
A AD é o principal partido da oposição, herdeiro da liderança política branca que se opôs ao regime segregacionista do ‘apartheid’ e tradicionalmente associado ao voto da minoria branca, que representa 7,70% da população sulafricana.
Em terceiro lugar está o partido de extrema-esquerda Com batentes da Liberdade Económica (EFF), de Julius Malema, com cerca de 8% dos votos, e em quarto lugar o uMkhonto weSizwe (Partido MK), o novo partido do antigo Presidente Jacob Zuma (2009-2018), com mais de 7%.
Zuma tentou concorrer às eleições como líder da nova formação política, mas foi impedido de o fazer pelo Tribunal Constitucional a meio da campanha eleitoral, uma vez que foi condenado em 2021 a 15 meses de prisão por desacatos.
No entanto, o aparecimento do MK teve efeitos na divisão dos votos do ANC, também manchado por casos de corrupção, como os que envolvem o próprio Zuma, e desgastado pelos problemas que afectam o país, como o elevado desemprego, a criminalidade e os cortes de energia.
Com 27,6 milhões de eleitores registados, um total de 52 partidos concorrem na eleição nacional de um novo parlamento de duas câmaras – a Assembleia Nacional (400 lugares) e o Conselho Nacional de Províncias (90 lugares) -, assim como as assembleias provinciais e regionais das nove províncias do país, em três boletins de voto. Com um número recorde de eleitores registados – mais um milhão do que em 2019 – e filas de espera desde antes da abertura das assembleias de voto, o entusiasmo era visível entre a população.
Embora os números oficiais da participação ainda não tenham sido publicados, poderão ultrapassar os 66% de 2019. A CEI tem sete dias para anunciar os resultados oficiais, mas espera-se que os divulgue no próximo Domingo.