Com 24 páginas, trata-se de uma obra de contos com um forte pendor histórico e cultural ligado às vivências do povo daquela região Norte do país, debruçando-se sobre a infância de um menino que nasceu com características físicas incomuns, semelhante a de um ser do mar.
Segundo o autor, o livro “O Menino do Katumbu” é um conto que narra a estória de um menino de nome Mwanza, residente nas periferias da cidade do Carmona e que, pelo seu aspecto físico, sua forma de ser e agir, suscitava curiosidades para quem o visse pela primeira vez por apresentar características místicas de filho de uma sereia.
Em entrevista ao OPAÍS, Garcia Neto referiu que a obra é um contributo para a promoção da literatura infantil na província do Uíge e uma forma de estimular os hábitos de leitura no seio da criança naquela província.
Sublinhou que, além de entreter e educar as crianças, o livro traz consigo também um pendor reflectivo que ensina a crianças a não praticar a discriminação independentemente das características físicas, sociais e psico-emocionais que uma pessoa apresenta ao se deparar com elas.
Apesar de cientificamente não estar provado que existam seres humanos que com características de um peixe (com cauda) que habitem na água, o autor, através da sua obra, abre a possibilidade de existirem tais seres como narra a tradição de algumas regiões de Angola, por esta razão apela as crianças a não pautarem pela discriminação ou preconceito.
“A mensagem a passar é que as crianças saibam que existe este ser ou fenómeno e que são crianças normais que todos nós podemos aceitar eles como a nós mesmos. Não descriminá-las, incluir elas no nosso meio social”, disse o autor.
Primeiro livro infantil publicado no Uíge
De acordo ainda com o autor, o “O Menino Katumbu” apresentase como a primeira obra literária infantil escrita por um jovem escritor da província do Uíge, sendo também a primeira obra daquela esfera literária a ser publicada naquela província.
O autor disse estar feliz e ao mesmo tempo ansioso movido pelo sentimento de responsabilidade e realização por sentir que a sua obra assinala um capítulo que pode ser importante na história da literatura infantil da sua província.
“O sentimento é de um dever cumprido e feliz. Há em mim também aquela ansiedade, olhando pelo impacto que a obra pode vir a causar ao povo, não só do Uíge, mas de Angola”, expressou o autor esperançoso que a sua obra seja bem recebida pelo público em geral.
Sobre o autor
Garcia Pedro Teleka nasceu na aldeia do Vamba, Bembe, província do Uíge, em 1991. Licenciado em Economia, na especialidade de Economia Monetária, pela Faculdade de Economia da Universidade Kimpa Vita do Uíge, seu gosto pela literatura nasceu em 2007, quando ainda adolescente.
É membro fundador do Centro de Alfabetização ‘Mundo do Saber’, onde criou o clube das artes Estrelas do Saber, com objectivo de ajudar crianças a cultivarem o amor pelas artes e leitura; começando por contar estórias, ensinando canções, poesia e o teatro.