As Centrais Sindicais e o Governo chegaram, finalmente, a um acordo mútuo, depois de um longo período de negociações sem efeito que deram origem à paralisação dos serviços na função pública, que tinha como principal reclamação dos sindicalistas, o aumento do salário mínimo nacional, de 32 mil para 100 mil kwanzas.
Na última Terça-feira, as partes acordaram e decidiram que, a partir de 2025, o salário mínimo nacional vai subir para 70 mil kwanzas, para as médias e grandes empresas, e 50 mil kwanzas para as microempresas.
Ficou também definido que as empresas que já pagam 70 mil kwanzas terão 12 meses para chegar aos 100 mil kwanzas, enquanto as que estão abaixo deste nível terão dois anos para chegar aos 100 mil kwanzas.
PRS quer implementação imediata
Alguns representantes dos partidos políticos reagiram a esse acordo entre as Centrais Sindicais e o Governo, alegando tratar-se de um problema do futuro. O porta-voz do Partido de Renovação Social (PRS), Manuel Ribaia, defende que não basta aumentar o salário para 70 mil, mas que é preciso olhar seriamente para a situação social do país que piora a cada dia.
político sublinhou que, enquanto os preços dos produtos da cesta básica continuarem a subir de forma descontrolada, esse salário não terá capacidade de aguentar e dar resposta à inflação.
“Este acordo não tem vantagem nenhuma porque trata-se de um assunto do futuro. Estamos no mês de Maio, quantos meses faltam para 2025? Portanto, esses trabalhadores terão que amarrar os cintos até 2025.
Se há condições para tal, por que é que não se implementa já? A apontada falta de vontade política começa aqui, ao se arrastar o problema para um futuro incerto”, disse.
FNLA; “travar a inflação descontrolada”
Por seu turno, o secretário-geral da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), Aguiar Laurindo, enaltece o acordo entre as partes, visto que o mesmo anula a terceira fase da greve que estava prevista para o dia 03 de Junho.
Relativamente ao valor definido para o salário mínimo nacional, o político entende que o referido valor, olhando para a realidade económica do país, que não se estabiliza, a inflação sempre em alta, não terá nenhum impacto na vida das famílias angolanas, e defendendo a tomada de medidas económicas estruturantes para travar a inflação que tem desvalorizado, constantemente, a moeda nacional.
“O acordo entre as partes é louvável. Nós esperamos que traga melhorias para as famílias, mas, se não houver medidas económicas para travar a inflação no país as dificuldades na vida dos angolanos vão permanecer. É preciso tomar medidas para pôr fim à falta de produção nacional e reduzir a importação”, disse.