“A Noruega é, há mais de trinta anos, um dos países que mais tem lutado por um Estado palestiniano. Hoje, quando a Noruega oficialmente reconhece a Palestina como Estado, é um dia memorável na relação entre a Noruega e a Palestina”, afirmou o governo norueguês, num comunicado do ministro dos Negócios Estrangeiros, Espen Barth Eide, citado pela agência de notícias EFE.
A Noruega anunciou na semana passada que reconheceria a partir de ontem a Palestina como Estado, a par de Espanha e da Irlanda. Dias depois, o Rei Harald V, chefe de Estado da Noruega, assinou a resolução, que foi entregue formalmente no Domingo em Bruxelas ao primeiro-ministro palestiniano, Mohamed Mustafá.
A resolução entrou ontem em vigor. “Foi importante poder entregar uma carta formal, em mão, ao primeiro-ministro Mohamed Mustafa. Valoriza muito o compromisso da Noruega com a Palestina e o nosso trabalho por uma solução com dois Estados [Israel e Palestina].
O reconhecimento é uma clara expressão de apoio às forças moderadas nos dois países”, lê-se no comunicado de hoje de Espen Barth Eide. O ministro norueguês disse, no mesmo texto, estar confiante em que a Autoridade Nacional Palestiniana continuará com a tarefa complicada de fazer reformas para governar “tanto na Cisjordânia como em Gaza depois de um cessar-fogo”. “É lamentável que o Governo israelita não mostre sinais de compromisso de forma construtiva.
A comunidade internacional deve aumentar o apoio económico e político à Palestina e continuar a trabalhar por uma solução com dois Estados”, acrescentou Espen Barth Eide.
O Governo norueguês não organizou ontem qualquer evento ou cerimónia pública a propósito do reconhecimento da Palestina, para além deste comunicado do ministro dos Negócios Estrangeiros.
Quanto ao Parlamento da Noruega, aprovou em Novembro do ano passado uma resolução que instava o Governo a reconhecer a Palestina no momento em que pudesse ter “um efeito positivo para o processo de paz” A oposição norueguesa (de direita) criticou a decisão do Governo, por considerar que não ocorre no momento certo.
Também Israel criticou Espanha, Irlanda e Noruega, argumentando que estes países enviam a mensagem aos palestinianos de que “o terrorismo compensa”, numa referência ao grupo islamita Hamas.
O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, acusou mesmo o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de ser “cúmplice do genocídio judeu” por reconhecer o Estado palestiniano numa publicação ontem na rede social X.
Espanha aprovou o reconhecimento da Palestina numa reunião ontem do Conselho de Ministros e o mesmo deverá fazer o Governo da Irlanda.
Noruega, Espanha e Irlanda comprometeram-se a reconhecer formalmente a Palestina como Estado a partir de ontem, juntando-se a mais de 140 países que já o fizeram em todo o mundo num momento em que Israel tem em curso, desde outubro, uma ofensiva militar na Faixa de Gaza.
O conflito foi desencadeado pelo ataque em solo israelita do grupo islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, em 07 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Israel.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 36.000 mortos e uma grave crise humanitária, segundo o Hamas, que governa o enclave palestiniano desde 2007.