Expositores reclamam dos preços por metro quadrado na Feira Internacional de Benguela (FIB), que variam de 500 mil a mais de um milhão de kwanzas, considerados onerosos para quem se veja obrigado a ocupar vários metros quadrados, sobretudo nos pavilhões 1, 2 e três.
Um proprietário de uma empresa do ramo de telecomunicações, acomodado no pavilhão número 1, confidenciou, sob anonimato, a este jornal, que empresas como a dele praticamente têm tido pouca contrapartida em participar em feiras como a realizada de 22 a 26 de Maio pela Eventos Arena, no quadro do aniversário do município de Benguela.
Ele sustenta que, contas feitas, durante os quatro a cinco dias de feira, a participação (logística inerente à feira), alimentação, designer de stand e outros encargos – não ficam menos de 10 milhões de kwanzas.
Em rigor, não se consegue ter, ao longo dos dias, o retorno desse dinheiro, daí ter sugerido que se aligeire os preços e, por conta disso, preterido à FILDA, a realizar-se em Junho deste ano, cuja organização cabe à mesma entidade que detém o monopólio em realização de feiras no país.
“As empresas que só trabalham para expor a marca não tem nenhum retorno. Os preços por metros quadrados tendem a aumentar a cada ano que passa. Nós gastamos mais dois milhões de kwanzas pelo espaço.
O designer é por nossa conta. Só o ramo da reestruturação é que tem retorno”, reclama um outro empresário, que também se escusou de se identificar. Refere que, ultimamente, os preços registam uma tendência de subida, facto que, na óptica dele, está a afugentar muitas empresas. Mas, a organizadora do evento contraria essa tese e admite um aumento de participação na ordem de 15 por cento.
“Não faz sentido pagarmos tanto, porque nós já andamos nisso há bastante tempo, desde a sua primeira edição. Uma participação não fica menos de 10 milhões de kwanzas. E não é rentável. Isso está a afugentar muitos expositores”, acrescenta. Informações colhidas por este jornal no Estádio Nacional de Ombaka, onde decorreu a FIB, dão conta de que, na parte externa dos pavilhões, os expositores pagaram pouco mais de 500 mil kwanzas por espaço.
Organização justifica com a conjuntura económica
Entretanto, abordado por este jornal propositadamente sobre essas reclamações, o presidente do conselho de administração da Eventos Arena, Bruno Albernaz, desvaloriza e justifica a tendência de subida com o quadro actual da economia nacional.
“O caro e o barato é relativo. Nós temos que continuar a manter o padrão que os expositores obrigam a que nós tenhamos e, para se manter este padrão e para continuar a oferecer um ambiente de negócios agradável, onde as pessoas possam estar, negociar, receber os seus clientes, tem um valor”, sustenta.
Conforme o promotor, esse valor é, simplesmente, reflectido “nestas condições para o expositor. Nós nunca estamos satisfeitos, vamos continuar sempre a trabalhar e a investir na contínua melhoria destas mesmas condições. Portanto, o preço é completamente relativo. Os expositores, com certeza, não mantêm os seus preços. O preço da água, num ano, era um, agora, é outro, basta ir ao supermercado”, justifica o gestor.
Albernaz socorre-se de informações disponibilizadas por expositores para sustentar que houve parcerias e feitos bons negócios. “E, com todos esses resultados, o balanço é extremamente positivo. Encoraja-nos a continuar. Vamos continuar a dar o nosso melhor e, com certeza, no próximo ano, no ano dos 50 anos do nosso projecto, vamos estar com mais força”, reforçou, em entrevista exclusiva a este jornal, depois de ter visitado alguns stands no último dia da FIB.