Em declarações antes da reunião ministerial, que junta também representantes de Estados externos à União Europeia (UE), Borrell declarou que “é muito importante que nos reunamos para apoiar a AP porque estes são tempos extremamente difíceis para os palestinianos”, segundo o site Notícias ao Minuto.
O encontro, presidido por Espen Barth Eide, ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega, que não faz parte da UE, representa “uma oportunidade para debater os planos e prioridades da AP e discutir como a comunidade internacional pode apoiar melhor a agenda de reformas do novo Governo, assim como o fortalecimento das instituições palestinianas e a sua capacidade”, segundo a Comissão Europeia.
“A situação em Gaza é muito má. A ocupada Cisjordânia está à beira do abismo e corre o risco de explodir a qualquer momento. E enquanto falamos, as operações militares continuam em Rafah e arredores.
As fronteiras chave continuam fechadas para a ajuda humanitária”, resumiu Borrell sobre a difícil situação nos territórios palestinianos. O chefe da diplomacia europeia recordou igualmente as “dezenas de reféns israelitas” nas mãos do Hamas desde 07 de Outubro.
“E nas últimas horas vimos novos bombardeamentos do Hamas contra Israel. Isto também tem que parar”, acrescentou Borrell, convicto da necessidade de a comunidade internacional e a UE fazerem “tudo ao seu alcance” para “pôr um fim imediato” ao sofrimento em Gaza.
Mas não esqueceu a Cisjordânia, onde, sublinhou, se está a “intensificar um espiral de violência” por colonos extremistas que “atacam cada vez mais a ajuda humanitária que se dirige a Gaza e que estão fortemente armados”.
“E a pergunta é: Quem os arma? E quem não impede estes ataques?”, questionou Borrell, que vincou ainda a “expansão de colonatos israelitas sem precedentes e apropriação de terras”, reconhecendo os “esforços notáveis” da AP para “evitar que a situação exploda”.
O alto representante da UE para os Assuntos Exteriores lembrou que tudo isto acontece apesar do novo veredicto do mais alto tribunal das Nações Unidas, o Tribunal Internacional de Justiça (TJI), que na passada sexta-feira ordenou a Israel parar com as operações militares em Rafah e abrir caminho à ajuda humanitária, assim como garantir o acesso a qualquer representante da ONU que investigue as acusações de genocídio.
Esta decisão é “vinculativa e deve ser implementada total e efectivamente”, disse Borrell. Destacou ainda os “imensos desafios” que enfrentam as autoridades palestinianas, com “uma perigosa crise socioeconómica, o impacto da tragédia humanitária em Gaza, os bloqueios impostos na Cisjordânia e outras acções punitivas como o anúncio pelas autoridades israelitas de cortar todos os rendimentos que lhes pertencem”.
“É por isso que hoje, com parceiros e doadores internacionais, nos concentraremos em como podemos ajudar melhor a Autoridade Palestiniana nesta conjuntura crítica”, acrescentou Borrell, na sua declaração à imprensa, acompanhado pelo primeiro-ministro palestiniano, Mohamed Mustafa, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega.
Borrell recordou que “a UE é o maior doador internacional de ajuda ao povo palestiniano e um parceiro e apoiante de larga data da construção do Estado palestiniano”, mas apelou a que “se faça mais” pela sua “estabilidade”.
O representante da diplomacia europeia deixou “um apelo aos doadores para que aumentem o apoio” aos esforços da AP, sublinhando a necessidade de avançar no processo político para a solução dos dois Estados.