INTRODUÇÃO
A medicina paliativa é uma especialidade que se concentra na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com condições médicas graves ou avançadas, sendo apropriada em qualquer estágio da doença, inclusive no momento de diagnóstico [10].
Nos últimos tempos, tem sido evidente um número alarmante de casos de doenças crónicas e terminais com necessidades paliativas que provocam grande vulnerabilidade psicológica, compreendendo angústia e desespero.
Daí a importância da abordagem psicológica nos cuidados paliativos para o restabelecimento da autoestima e a procura de um novo sentido para a vida.
A intervenção psicológica contribui ainda para a redução do sofrimento e melhoria da qualidade de vida. Porém, pretende-se abordar a importância da psicologia nos cuidados paliativos e perceber até que ponto a intervenção psicológica contribui para a melhoria dos cuidados prestados.
Os pacientes com doença avançada geralmente apresentam elevados índices de sintomas psicológicos. Muitos estudos com intervenções paliativas centramse no controlo e redução geral dos sintomas, e poucos são os estudos que abordam os sintomas psicológicos associados a doenças graves.
Porém, a abordagem psicológica centrada no doente e nas suas necessidades é de crucial importância e, por este facto, deve ser implementada nos cuidados paliativos de modo a contribuir para a promoção do bem-estar dos doentes [4].
A compaixão é conceptualizada como uma combinação de pensamentos, emoções, motivos e comportamentos, que predispõe a uma sensibilização relativamente ao sofrimento alheio e do próprio, que facilita a compreensão desse mesmo sofrimento e que age tendo como objectivo o seu alívio.
Implica a disponibilidade ao sofrimento do outro, o desejo de o minimizar, a tolerância traduzida em paciência para com os outros, a bondade e uma atitude isenta de crítica e o reconhecimento da imperfeição humana.
Porém, nos cuidados paliativos, há uma necessidade de maior compreensão e promoção da compaixão e autocompaixão da parte dos profissionais pelos outros, uma vez que são emoções positivas associadas ao bem-estar [6].
O diagnóstico de uma doença terminal afecta não apenas o doente, mas também a sua família, visto que ambos estão envolvidos com o tratamento paliativo.
Por isso, o apoio psicológico deve ser prestado não apenas ao doente, mas também à família, porque um ambiente familiar de apoio ajuda o doente a adaptar-se à sua doença e a aderir ao tratamento.
A terapia cognitivo-comportamental tem-se mostrado bastante eficaz no tratamento dos doentes terminais no que concerne ao alívio da dor, desenvolvimento de estratégias de coping, tratamento da ansiedade, depressão e desesperança e melhoria na qualidade de vida [7,8,11,12].
As intervenções psicológicas são muito úteis, visto que ajudam a facilitar o ajuste psicológico do doente, aliviam o sofrimento e melhoram significativamente a qualidade de vida [5].
Desenvolvimento
A compaixão é muito importante nos cuidados paliativos. No entanto, os apelos para a restauração do cuidado compassivo sugerem a necessidade de uma maior compreensão e promoção da compaixão na prática.
Emoções como compaixão e autocompaixão dos profissionais em unidades de cuidados paliativos devem ser levadas em conta, sendo que são vistas como emoções positivas associadas ao bem-estar [6].
A ruminação pode contribuir para o sofrimento psicológico nos doentes em cuidados paliativos. Pessoas com doenças limitantes tendem a desenvolver problemas existenciais que, por sua vez, despoletam ruminação.
Pacientes em cuidados paliativos tendem a relatar ruminação em preocupações existenciais como, por exemplo, o futuro, o que despoleta aumento do sofrimento psíquico.
Daí a eficácia da Psicologia para intervir na ruminação, isto é, trabalhar os pensamentos negativos repetitivos que causam sofrimento, de modo a melhorar a qualidade de vida dos doentes [3].
Há uma notável relutância por parte dos doentes e da família relativamente à aceitação do diagnóstico, tanto é que ambos têm uma grande probabilidade de desenvolver problemas psicológicos, como depressão, ansiedade, ruminação, desesperança.
A terapia cognitivo-comportamental contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos doentes terminais [7,8,11,12,14].
Além da TCC, os doentes terminais que desenvolvem estratégias de coping conseguem lidar melhor com a dor e com o seu sofrimento [8,12,14].
Quanto aos familiares, por também experienciarem sofrimento, devem receber apoio psicológico para que construam um ambiente familiar propício que contribua para a melhoria do doente e a sua adesão ao tratamento do doente[1,2].
Conclusão
Em suma, a psicologia desempenha um papel de capital importância nos cuidados paliativos. Por esta razão, mais do que simplesmente direccionar os cuidados à doença, é essencial que os mesmos sejam focados no doente, com o intuito de atender às suas necessidades, de modo a fornecer cuidados de excelência.
Os doentes terminais experienciam várias emoções negativas, como a depressão, ansiedade, desesperança, e estas emoções têm um impacto significativo na qualidade de vida.
A psicologia intervém no sentido de ajudar o paciente a gerir as suas emoções, a aderir o tratamento, a desenvolver estratégias de coping que o ajudem a lidar de forma mais ajustada com o seu sofrimento, propiciando, deste modo, melhoria no bem-estar e na qualidade de vida.
As intervenções psicológicas resultam em melhorias significativas nos mais diversos tipos de doenças e em várias faixas etárias.
Visto que o sofrimento não é apenas experienciado pelo doente, mas também pela sua família, é importante que a família também seja submetida ao acompanhamento psicológico para que se crie um ambiente familiar de apoio que ajude a família a se ajustar ao estado clínico do doente e ajude o doente a aceitar a sua doença e a aderir o tratamento.
Por: ROSALDINA DE JESUS VIRGÍLIO CORTEZ