A mesma ocorreu numa altura em que o vírus da poliomielite tipo 2 está a assolar alguns países africanos, com realce para os vizinhos Zâmbia e a República Democrática do Congo, com os quais Angola partilha a fronteira. A governadora de Cabinda, Mara Quiosa, defendeu, nesta cidade, que a sua província deve assumir uma responsabilidade com muita seriedade porque “somos uma província de fronteira com os países que têm o registo de casos de poliomielite”.
Falando na abertura da primeira fase da campanha de vacinação contra o vírus da poliomielite, Mara Quiosa realçou que há já alguns anos Angola tornou-se num país livre da pólio, mas, para continuar dentro deste ranking, precisa de vacinar e continuar a trabalhar na prevenção da doença. Para Mara Quiosa, a campanha de vacinação não depende somente do governo provincial e dos profissionais de saúde, mas uma responsabilidade colectiva e individual, apelando aos pais e encarregados de educação a levarem as crianças à vacinação. “Devemos trabalhar na prevenção para protegermos as nossas crianças.
É doloroso ver uma mãe ou um pai com o seu filho a padecer de uma doença que poderia ser evitada.” O secretário provincial da Saúde em Cabinda, Rúben de Fátima Buco, disse que qualquer ocorrência da poliomielite tipo 2 constitui uma emergência de saúde pública e uma preocupação quer a nível nacional, quer internacional. Revelou que o maior surto da poliomielite em África registou-se em 1992 com um total de mil e 181 casos de paralisia e 113 óbitos notificados, enquanto o nosso país registou um total de 661 casos com 41 óbitos.
Apesar de a irradiação global da poliomielite selvagem do tipo 2 ser declarada em 2015, segundo Rúben de Fátima Buco, as constantes campanhas de vacinação contra a doença mostram a grande vulnerabilidade do nosso país e a importância de atingir altas coberturas de vacinação em todos os níveis, através de acções de vacinação de rotina e campanhas para a prevenção efectiva desses problemas de saúde. “É de grande importância assegurarmos que todas as crianças de 0 a 5 anos de idade sejam vacinadas para evitarmos a propagação do vírus de doenças preveníveis”, defendeu.
Vacinadas mais de 140 mil crianças
A campanha nacional de vacinação contra a pólio foi programada para ser realizada em duas fases e o grupo alvo para ambas as fases são as crianças menores de 5 anos. A nível da província de Cabinda, a primeira fase decorrida de 17 a 19 de Maio do corrente ano, permitiu vacinar, via oral com duas gotas, um total de 141 mil e 276 crianças menores de cinco anos de idade em toda a província, com uma percentagem de 101,93%, utilizando como estratégia a vacinação casa a casa e porta a porta.
Para o município de Cabinda, foram vacinadas 124 mil e 440 crianças, Cacongo, 8 mil e 291, Buco-Zau, 6 mil 257, e Belize, 2 mil 288 crianças. Para tal, foram distribuídas um total de 263 mil 550 doses de vacinas, tendo o município de Cabinda recebido 137 mil 500 doses, Cacongo, 9 mil, Buco-Zau, 7 mil 500, e Belize, 5 mil, estando em stock 4 mil 555 doses. Estima-se que, com os microplanos elaborados pelas autoridades sanitárias de cada município, venham a estar envolvidos numa participação directa de mais de mil e 118 elementos, entre técnicos e voluntários, e 310 equipas móveis de vacinação. A supervisão estará garantida por um total de 105 supervisores de vacinação e mobilização e sete assessores.
Logística assegurada para duas fases de campanha
A segunda fase da campanha, de acordo com o secretário da Saúde, Rúben Buco, irá decorrer de 28 a 30 de Junho de 2024 e todas as crianças deverão ser imunizadas, independentemente, do seu estado vacinal, porque permite aumentar o nível imunitário da população no seu conjunto.
Durante as duas campanhas de vacinação, segundo garante Rúben Buco, estará assegurada toda logística e meios técnicos para intensificar a busca activa de casos de paralisia flácida aguda e outras doenças de notificação obrigatória.
Pelo facto, o responsável da saúde em Cabinda recomenda aos pais de crianças menores de um ano, para além das doses administradas durante a campanha, devem estes continuar a levar regularmente as crianças às unidades sanitárias mais próximas das suas residências para que lhes sejam administradas todas as vacinas do calendário nacional de vacinação.
Para além dos habituais parceiros, nomeadamente a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNICEF, as campanhas de vacinação contam com o apoio dos órgãos de defesa e segurança e ordem interna, autoridades religiosas e tradicionais e voluntários.