Vários camponeses angolanos recorrem à cooperativa de exmilitares no aluguer de tractores, devido ao custo baixo praticado por esta organização, diferente do que é cobrado pelas empresas detentoras destas máquinas, disse ao jornal OPAÍS a presidente da União Nacional dos Camponeses Angolanos (UNACA), Ricardina Machado.
A responsável da UNACA ressaltou que, em função das perdas que houve no cultivo, o presente ano agrícola não será produtivo como nos anos anteriores.
Em causa estão as inundações provocadas pelas últimas chuvas que, segundo Ricardina Machado, acabaram com partes das plantações de vários agricultores, os quais enfrentam diversas dificuldades para o reinício dos seus negócios.
“Por causa das chuvas, os camponeses tiveram muitos prejuízos, não apenas em Luanda, como também no Bengo, Cuanza-Sul e Malanje. Vamos ter a coragem de dizer que este ano será menos produtivo que nos anos anteriores”, disse. Uma das dificuldades apresentadas tem a ver com o aluguer dos tractores para a preparação das terras; os agricultores, afirma a presidente da UNACA, têm pagado aos detentores das máquinas um valor que varia dos 60 a 70 mil kwanzas, considerado alto por eles.
Como alternativa, explica Ricardina Machado, os camponeses são obrigados a recorrem à cooperativa agrícola dos ex-militares de Angola para concessão das máquinas a um preço inferior, que chega a custar 30 ou 35 mil, a metade do preço praticados por particulares.
Os campos afectados pelas chuvas, segundo a UNACA, continuam alagados, causando o adiamento do cultivo previsto para os meses de Junho, Julho. Relativamente aos produtos, a chefe da cooperativa diz que, em termos de hortícolas, para o presente ano, não será possível.
Para minimizar os estragos feitos pelas chuvas no ramo agrícola, o Governo angolano já trabalha com a UNACA, no sentido de repor as coisas, preparando novos espaços de cultivo onde os camponeses implicados poderão reatar as suas actividades.
Ricardina Machado disse que os camponeses estão a ser já cadastrados para futuras atribuições de novas terras de cultivo e, sem avançar os prejuízos em termos monetários, atribuiu os dados a serem da competência da delegação angolana de agricultura, tendo dito limitadamente que cada agricultor sabe do prejuízo causado.
A cooperativa ex-militares de Angola foi criada para apoiar excombatentes na reintegração social e económica. Fundada em 2001, a cooperativa está presente em todas as províncias do país.
Ela dedica-se a projectos como a construção de residências para melhorar o bem-estar das famílias dos ex-militares.
Por: Adelino Kamongua