A informação foi prestada pelo director administrativo do Hospital Psiquiátrico da província da Huíla, Idesibal Aldino, tendo acrescentado que, dos 50 pacientes já recuperados, existem alguns que foram abandonados pelos seus familiares há 15 anos, sendo que os mais novos se encontram em estado de abandono há quatro meses, o que preocupa as autoridades sanitárias locais.
O responsável informou que a referida unidade sanitária foi concebida para internar 50 pacientes em ambos os géneros, no entanto, por conta da actual procura pelos serviços de cuidados de saúde mental, esta capacidade não satisfaz as exigências.
Para contrapor esta realidade, o hospital está a desenvolver uma campanha de localização dos respectivos familiares com a ajuda dos pacientes, o que não tem sido fácil, pelo facto de muitos pacientes já não se lembrarem das residências dos seus familiares.
“Dentro do programa de promoção e prevenção da saúde mental, estamos a desenvolver um programa de inserção do doente na sociedade ou na família. Normalmente, as famílias podem não estar disponíveis, nós vamos até à residência do paciente fazer a sua reintegração, para que a família se consciencialize e aceite o doente, porque o Hospital é um ponto de tratamento e não um lugar para abrigar o paciente”, disse. Por outro lado, o director revelou que a doença de fórum mental ainda é muito estigmatizada, sobretudo por familiares de pacientes, facto que tem estado a contribuir para o aumento de casos de abandono por familiares.
Números assustadores de pacientes
De 2021 até ao ano passado, segundo Idesibal Aldino, o Hospital Psiquiátrico da Huíla atendeu, nas consultas externas, um total de 29.294 pacientes, nas áreas de Psiquiatria e Psicologia. No primeiro trimestre deste ano, aquela unidade sanitária atendeu 1.840 pacientes nas mesmas especialidades.
O nosso interlocutor explicou que grande parte dos pacientes que acorrem àquela unidade sanitária tem este problema resultante do consumo de álcool e outras drogas pesadas, que afecta maioritariamente os jovens. “Os diagnósticos mais frequentes a nível do Hospital Psiquiátrico da Huíla têm sido a esquizofrenia e transtornos de ideias delirantes.
Os transtornos por consumo de álcool e de outras drogas, os transtornos de humor e os transtornos mentais orgânicos também são registados”, disse. Acrescentou ainda que o que preocupa os especialistas é a grande quantidade de jovens que ali aparecem, com transtornos por consumo de álcool e de outras drogas, por isso, “apelamos à juventude a adoptar hábitos e costumes que possam facilitar o seu andamento na sociedade”, recomendou.
O Hospital Psiquiátrico da província da Huíla, em parceria com o Comando Provincial dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, está a levar a cabo uma campanha de recolha de doentes mentais em toda a cidade do Lubango.
Suicídios preocupam autoridades sanitárias na Huíla
Sem adiantar os casos concretos de suicídio registados, Idesibal Aldino informou que o assunto preocupa igualmente as autoridades sanitárias que actuam na saúde mental dos cidadãos da província, e do país, de forma geral.
Para inverter a realidade, o nosso interlocutor revelou que o Hospital que representa está a desenvolver uma série de palestras nas escolas secundárias, sob o lema: “A vida é uma jornada preciosa, não desista dela”. Numa primeira fase, foram apenas escolhidas as escolas do município do Lubango.
“É fundamental que não olhemos para esta situação como um mero capricho das pessoas que tentam ou que recorreram a estas práticas. É um problema sério que precisa de pronta intervenção. As palestras começaram no dia 08 e vão até ao dia 15 deste mês, com o objectivo de consciencializar a juventude sobre a necessidade de preservar a vida”, explicou.