Beatriz Alves é acusada de rapto e roubo qualificado, de que foi vítima o seu namorado (hoje esposo), Cristiano do Porto, enquanto ao novo arguido arrolado ao processo, que é efectivo do Serviço Prisional, João Hélder, pesam os crimes de abuso de poder e de obstrução à Justiça.
A “confirmação” da participação da Miss no delito foi feita ontem, Quarta-feira, pelo declarante Gerson Ramos, um dos cinco ouvidos no recomeço do julgamento e que foram condenados na primeira fase de produção de provas (julgamento) a 13 anos e seis meses de reclusão, mas inocentado após recurso a um Tribunal Superior, segundo a Angop.
Na fase de instrução preparatória, suspeita de envolvimento, Beatriz Alves foi ilibada pela PGR, mas o julgamento de então trouxe novas revelações, que forçaram o Ministério Público a solicitar a reabertura de uma investigação sobre ela.
Gerson Ramos, em sede de julgamento, afirmou que conheceu Beatriz Alves no mesmo dia do assalto, quando um dos arrolados, identificado por Tony, o convidou a irem à casa da “sua namorada (Beatriz)”, na comuna da Arimba, para buscar dinheiro. Porém, posto no local havia uma viatura de marca Toyota Prado, estacionada junto ao portão.
Conta que Tony retirou, de uma pasta que levava, uma arma de fogo do tipo AKM e foi até ao carro, abriu a porta do lado do passageiro e anunciou o assalto, mandando os ocupantes, no caso Beatriz e o namorado Cristiano, a irem para o banco de trás, tendo de seguida conduzido a viatura até à localidade de Poiares.
No percurso, o namorado da arguida, segundo o declarante, pedia que não lhes fizéssemos mal, pois teria na residência 200 mil kwanzas e para lá seguiram. A vítima entrou e não mais voltou, pelo contrário solicitou o auxílio do irmão que os enfrentou.
Para desenvencilhar-se do irmão da vítima, disse o declarante, Tony atingiu-o com um disparo numa das pernas e puseram-se em fuga.
Oficial dos Serviços Prisionais arrolado ao esquema Quanto ao suposto envolvimento do oficial dos Serviços Prisionais, João Helder, Gerson Ramos manteve as suas alegações, segundo as quais foi o efectivo que pediu ao encarregado de reclusos para que os conduzisse da cela para a sala de controlo penal.
Postos lá, o agente prisional os disse que o pai de Beatriz tinha chegado a um acordo para que os declarantes afastassem a Miss do caso, a troco de um advogado, por isso mentiram na fase de instrução preparatória.
Entretanto, o advogado de defesa de Beatriz Alves, Justo Bartolomeu, realçou que até agora a sua defesa cinge-se na busca da verdade material dos factos e que vai provar a inocência da sua constituinte.
Salientou que o facto de a arguida estar a viver com a suposta vítima (com quem têm um filho de um ano, cuja gravidez foi a razão da suspensão do julgamento em Setembro de 2023), “não causa constrangimentos, até porque é a prova da inocência de Beatriz”.