A ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen dos Santos disse, recentemente, ao OPAÍS que o sector prevê atingir a meta de 25 mil toneladas de pescado, em 2025, só com a aquicultura, enquadrada no Plano Nacional de Desenvolvimento (PDN) 2023-2027. Conforme Carmen dos Santos, a aquicultura tem sido a “salvação” do sector das pescas, quer seja da água doce, escavado em terra com tanque ou em tanques PVC.
Como exemplo, apontou que no ano passado a meta era chegar às 8 mil toneladas, tendo esta cifra sido ultrapassada e chegado às 10 mil toneladas de pescado. “Nos últimos tempos, a aquicultura tem sido a nossa salvação, e isso é uma filosofia que eu advogo desde que aqui entrei”, disse.
No leque de províncias que mais têm contribuído para a aquicultura, segundo a ministra Carmen dos Santos, destaque recai para o Uíge, cujo empenho dos aquicultores foi decisivo para se chegar aos números citados.
Por esta razão, prometeu a governante, o ministério que dirige está a preparar uma abordagem para o Uíge a fim de incentivar mais pessoas a aderirem à actividade, “mas não pode significar estragar aquilo que está a dar frutos”, adverte.
Produção de sal
Na entrevista que concedeu a este jornal, a ministra das Pescas e Recursos Marinhos falou também do sector salineiro, tendo afirmado que “está em franco crescimento”, designadamente com a entrada em cena da Cidade do Sal, na província de Benguela. Benguela, disse, tem estado a demonstrar que traz um desempenho muito grande. Neste momento, há um crescimento que classifica de extraordinário, apesar de muitas questões ambientais adversas que influenciou negativamente, como é o caso dos ventos e chuvas que contribuem para baixar a produção.
A Cidade do Sal conta, neste momento, com nove salinas a funcionar, estando outras duas em fase avançada de conclusão, que podem arrancar também este ano. As nove unidades em funcionamento absorvem dois mil postos de trabalho directos. Em 2023, Angola produziu cerca 210 mil toneladas de sal, sendo oitenta por cento produzidas na província de Benguela. A meta passa por atingir as 500 mil toneladas por ano. As regiões produtoras de sal no país são o Bengo, Porto Amboim (Cuanza-Sul) Benguela e Namibe, sendo estas últimas províncias zonas de referência devido ao micro-
Desenvolvimento com outros recursos marinhos
Carmen dos Santos falou ainda da necessidade de se aproveitar outros recursos marinhos, além da pesca, para o desenvolvimento do país, tendo referido que os recursos biológicos que o mar dispõe tem sido a via de desenvolvimento de muitos países, particularmente para as indústrias.
“Estou a falar da biodiversidade marinha. Ela concorre com muitas espécies, por exemplo, para a farmacologia, para cosméticos e até concorre com a biotecnologia para novos tipos de alimentos, com espécies sem importância comercial que podiam passar a ter alguma importância comercial”, esclareceu.
Fruto disso, acrescentou que tem tido uma “batalha” entre as pescas e a conservação dos recursos marinhos projectando o seu desenvolvimento. Disse que a economia azul e as organizações internacionais fizeram uma espécie de ponte entre essa economia, que é da água salgada, para ligar também os rios e permitir que de uma maneira organizacional se possa juntar os meios, processos e o capital humano.