A Comissão Nacional de Luta Contra o VIH/SI- DA e Grandes Endemias (CNLS-GE) realizou ontem, em Luanda, a sua 2.ª reunião ordinária, que decorreu sob orientação da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, na qualidade de Coordenadora da Comissão.
Na referida reunião, os membros da comissão procederam à apreciação e aprovação da acta da reunião anterior, e avaliaram o grau de cumprimento das deliberações e recomendações saídas da sessão anterior, realizada no dia 2 de Julho de 2023.
Na reunião de ontem, foi apre- sentado o ponto de situação epidemiológico, os ganhos, as acções inovadoras, os desafios e perspectivas à luz dos planos estratégicos sobre a malária, tuberculose, tripanossomíase e VIH/ SIDA.
No final da reunião, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, explicou à imprensa os dados relativos à evolução de algumas doenças endémicas no país. No que se refere à malária, a ministra fez saber que no ano de 2023, comparativamente ao ano de 2022, verificou-se um aumento de casos da doença e uma redução do número de óbitos.
“Este resultado deveu-se ao aumento do acesso aos cuidados de saúde, ao diagnóstico precoce e ao tratamento oportuno, que permitiu a redução de óbitos, que passaram de 12 mil em 2022 para 9 mil em 2023”, explicou, a ministra. Em relação aos desafios, a nível do controlo vectorial, as autoridades propõem o reforço de acções a nível local, na continuação da mobilização de recursos financeiros e formação contínua de quadros.
No que respeita à aquisição da vacina contra a malária, a ministra fez saber que o país está na fase de mobilização de recursos financeiros para a sua aquisição. Os membros da comissão analisaram igualmente os dados referentes à tuberculose, em que sobressai a redução de número de casos de mortes entre 2022 em que se contabilizavam 69 mil 252 casos e mil e dez mortes, e 2023 em que se registava 68 mil 268 casos e 503 mortes.
Registou-se também um aumento da taxa de sucesso do tratamento, cujo resultado deveu-se ao aumento da testagem, do “DOT comunitário” e de acções coordenadas entre os vários sectores. Os dados sobre a tripanossomíase, que foram igualmente analisados no encontro, apontam para os ganhos registados, onde se destaca, segundo a ministra da Saúde, o reforço da luta antivectorial integrada com a questão da mobilidade nos municípios endémicos à doença do sono, o aumento das expedições do rastreio activo às zonas recônditas e a introdução do diagnóstico molecular da doença do sono no Instituto de Combate e Controlo da Tripanossomíase.
Sílvia Lutucuta sublinhou que o Ministério da Saúde e o Ministério da Agricultura e Florestas estão a reforçar parcerias, juntamente com os governos provinciais e as administrações municipais, para o controlo da mosca e dos reservatórios, a fim de se alcançar a eliminação com a incidência de dez mil habitantes durante cinco anos. Sublinhou que Angola tem, actualmente, uma incidência de cinco casos por cada dez mil habitantes, fruto das medidas que foram tomadas.
Plano estratégico de mitigação do VIH/SIDA
Relativamente aos dados estatísticos sobre o VIH/SIDA no país, a ministra da Saúde referiu que Angola continua a ser um país sem cifras muito elevadas, com uma taxa de dois por cento da população vivendo com a doença.
O Órgão responsável por coordenar e orientar toda a política de luta contra o VIH/Sida e as Grandes Endemias, a CNLS-GE, analisou, no que se refere ao VIH/SI- DA, o VII Plano Estratégico Nacional de Resposta ao VIH/SIDA, Hepatites Virais e outras Infecções de Transmissão Sexual referente ao período 2023-2026.
De acordo com os dados deste documento, cerca de 310 mil pessoas vivem com VIH em Angola, incluindo 35 mil crianças com idades entre os 0 e 14 anos, 190 mil mulheres, 15 mil novas infecções e 13 mil mortes relacionadas com a SIDA. Para fazer face à situação, o Executivo garante que vai continuar a trabalhar para atingir as me- tas 95/95/95, diagnóstico, tratamento, e supressão da carga viral.
Os órgãos responsáveis defendem que deve ser dada atenção especial às populações vulneráveis, através de acções coordenadas multissectoriais e da participação da comunidade, e o compromisso de se trabalhar afincadamente na implementação do Plano Estratégico de eliminação do VIH/SIDA na criança até 2030, mitigar os de- terminantes sociais que agravam a epidemia e eliminar o estigma e a discriminação relacionados à doença.