Dez obras compõem a exposição individual do artista plástico, poeta e curador, Cláudio Gomes Art, com o título “Permita-se Mulher”, patente na até ao dia 29 do mês em curso, na Galeria do Shopping Avenida, do Morro Bento, em Luanda.
A mostra, em acrílico sobre tela, reúne uma diversidade de quadros de diferentes tamanhos, retratando a essência da mulher perdida ao longo dos tempos, com os arranjos da moda, transformando-a num simples objecto, valorizando apenas o exterior e banalizando o interior, segundo apurou o jornal OPAÍS.
Quis o autor nesta sua criação artística, conforme constatou este jornal, respeitar as diferenças com tons e melodias, e ousadia de propor um relacionamento da linguagem da Cultura Ocidental, mostrando que são brancas ou negras, gordas ou magras, baixas ou altas, que ninguém é melhor que outra, visto que as diferenças são valores onde umas preferem valorizar o exterior em detrimento do interior.
Indagado quanto à ideia de realizar um evento do género no mês consagrado à paz no país, Cláudio Gomes disse ser uma forma de homenagear a mulher por fazer parte desta grande conquista. Trata-se de um dedicado trabalho que, segundo o artista, durou 90 dias a ser elaborado, não obstante as dificuldades registadas na aquisição do material empregue, desde tintas aos tecidos. “Decidi homenagear as mulheres neste mês dedicado à paz no país, por elas fazerem parte desta grande conquista.
Cada obra representada realça que a mulher é uma criação perfeita de Deus e ela não precisa de elementos estéticos para se sentir melhor”, justificou Cláudio Gomes. Questionado ainda quanto à reacção do público, o autor esclarece que tem sido positiva, uma vez que além das visitas, a exposição tem despertado maior interesse, devido a sua temática. “Recordo-vos que a exposição é constituída por obras, cujas dimensões variam entre 120×100 cm e 195×65.
Com a mesma decidi homenagear as mulheres e recordar que elas fazem parte desta grande conquista”, relembrou. Já no que a visitas se refere, o artista recordou igualmente que a exposição recebe em média diária 25 visitantes com idades compreendidas entre os 18 e 45 anos, o que o satisfaz. Por outro lado, manifestou que almeja realizar, no interior do país, uma mostra colectiva com artistas nacionais residentes em diferentes províncias, com o objectivo de descentralizar o mercado.
Por sua vez, o anfitrião Fausto Andrade, responsável da Galeria do Avenida Shopping, convidado a comentar sobre a referida exposição, adiantou ao jornal OPAÍS que a ideia é ajudar na promoção e divulgação da arte feita em Angola e dos artistas que lhe dão nome, não tendo para o efeito nenhum objectivo comercial. “Vamos ajudar a promover a arte feita em Angola e dos artistas que lhe dão nome. A ideia é ajudar na divulgação”, frisou.
Percurso artístico Cláudio Damião Gomes, nascido no município do Cazenga, em Luanda, é poeta e artista plástico autodidacta. Deu início ao percurso artístico em 2015 a convite do seu grande amigo, autor e poeta, Ismael Farinha, para uma actividade cultural de poesia. A partir daquela data, Cláudio passou a frequentar activamente os Centro de Concentração de outros fazedores da literatura, nomeadamente o King Club, Instituto Camões, Fundação Arte e Cultura e Palácio de Ferro.
Com o passar do tempo, essas acções despertaram em si o gosto pela leitura e posteriormente a veia poética. Em busca de conhecimento, o artista inscreveu-se no instituto Guimarães Rosa no Curso de Escrita, conheceu o renomado artista plástico Guilherme Mampuya com quem fez uma excelente amizade, resultando num convite para juntos trabalharem.
Este foi o iniciar de um outro processo de aprendizado, do qual resultou um casamento entre a literatura e as artes plásticas. Passou quatro anos no ateliê de Guilherme Mampuya, aprendendo todo tipo de técnica artística, curadoria. Durante este aprendizado, aprendeu também projectos culturais, como “Palavras poética e exposições colectivas”, onde passaram vários artistas, desde poetas, escritores e pintores, descobrindo talentos que hoje são referências na cultura nacional.