Quando há quase 22 anos Angola viu encerrar o seu conflito armado, depois da morte de Jonas Savimbi, no Moxico, um dos maiores desejos dos angolanos eram poderem circular sem interrupções, usando o ar, mar e terra. Porém, foi por terra, através de estradas, asfaltadas e algumas de terra batida, muitos angolanos puderam regressar às suas zonas de origens.
Cidadãos estrangeiros, que até então viveram em Angola, também conseguiram realizar tal desiderato ao reencontrarem os territórios onde já estiveram. A livre circulação de pessoas e bens foi um dos maiores ganhos alcançados ao longo das mais de duas décadas de fim de conflito. E há – ou deve haver – todo o interesse em se manter este anseio.
Não foi em vão que quando se buscou o apoio financeiro à China, logo após o calar das armas, o processo de reconstrução assentou, inicialmente, na recuperação de infra-estruturas rodoviárias. E os principais eixos de ligação, as estradas nacionais, foram aquelas que mereceram atenção das autoridades. Apesar de se ter depositado as esperanças da reconstrução em mãos chinesas, através das suas empresas de construção e trabalhadores, foram os angolanos que tiveram em mãos a decisão de contratação e escolha dos trabalhos feitos.
Além dos chineses, sabe-se, igualmente, que no mesmo processo intervieram empresas brasileiras e portuguesas também. Ainda assim, é ponto assente que os trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos não foram os mais frutíferos.
Nos últimos anos, mantêm-se as prioridades do Executivo na reconstrução e construção das vias. Além daquelas que tinham beneficiado do processo inicial de reconstrução, outros troços foram escolhidos e estão a ser intervencionados. Mas preocupa a forma acelerada como as vias se vão degradando, incluindo algumas reabilitadas recentemente.
Tornou-se praticamente um calvário andar por algumas estradas nacionais, situação esta que vai encarecendo a vida dos angolanos e dos produtos da cesta básica. É preciso que se pense urgentemente num plano nacional de salvação das estradas. Não se pode, em determinados troços, assistir à destruição de áreas que exigiriam o mínimo.
E as últimas chuvas tornaram-se numa espécie de fiscal impiedoso de obras, algumas mal feitas, cujos empreiteiros e empresas construtoras nunca deveriam merecer o perdão dos angolanos. Se alguém duvida, então coloque-se hoje mesmo em viagens pelo centro, sul, algumas áreas do norte e nordeste. Caso a situação piore, corre-se o risco de algumas transportadoras e cidadãos particulares pararem os seus meios devido aos desgastes acentuados que vão sofrendo.