O director da Mayamba Editora, Arlindo Isabel, deplorou, na passada quinta-feira, 21, em Luanda, o pouco investimento na edição de obras literárias poéticas, comparativamente à ficção narrativa, pelo facto das pessoas procurarem menos os livros deste género.
Em entrevista à ANGOP, por ocasião do Dia Mundial da Poesia, que se assinalou ontem, justificou a diminuição da procura dos livros de poesias nas livrarias como estando na base.
Disse que a pouca procura está associada à fraca preparação e conhecimento da língua por parte dos leitores, para entenderem as mensagens transmitidas pelos poetas.
Por isso, o também académico entende que para se perceber a poesia é fundamental o domínio da língua. “Na velocidade que o mundo vai, há muito pouco aprofundamento do conhecimento da língua e a poesia está numa dimensão que requer outra preparação”, afirmou.
No seu entender, tal acontece porque “as pessoas, hoje, não estão para se chatear, provavelmente, com aquilo que dá muito trabalho, pois são imediatistas”.
A título de exemplo, disse Arlindo Isabel, o que se diz num texto de ficção narrativa, muitas vezes, em um parágrafo, na poesia pode se dizer em uma palavra ou uma frase muito curta.
Em relação à forma de fazer poesia nos dias de hoje, comparado ao passado, considerou impossível apontar um melhor período, porque cada contexto gera bons e maus poetas, assim como bons e maus gostos.
Mas, alertou que “a arte é aquela que sobrevive e ultrapassa as fronteiras do tempo, quer no conteúdo, quer na forma e sempre que houver qualidade ou sentido de beleza para resumir aquilo que chamamos de arte, aí está a poesia”.