É sempre um regalo andar pelo Huambo. Por estes dias, com a morte do músico Justino Handanga, certamente que o sentimento de muitos será o de tristeza, porque acabou por partir um dos maiores filhos desta província. Ainda assim, quando lá estamos, é sempre bom ver a alegria contagiante das suas gentes. Daqueles que acordam cedo para as tarefas no campo, dos estudantes que estudam de facto – e muitos deles podem ser vistos na conhecida estufa, e até mesmo das senhoras que circulam tanto na parte Baixa como na Alta vendendo frutas, legumes e outros produtos necessários para a vida das pessoas.
Cada do seu jeito vai reconstruindo a sua vida. E do mesmo modo, apesar da crise económica e financeira que se vive, também as autoridades governamentais vão criando estruturas para que os cidadãos do Huambo e de outras partes do país possam tirar o maior proveito possível. Por estes dias, foi possível observar a imponência do CINFOTEC local, uma obra-prima e digna de reconhecimento, onde centenas e depois mesmo milhares de jovens se poderão formar em áreas técnicas cujas valências são as mais procuradas actualmente no mercado.
O Centro Cultural Manuel Rui Monteiro assenta como uma luva à dimensão histórico e cultural da figura de quem se buscou e ganhou o nome. Em termos culturais, a magnitude da infra-estrutura permitirá o nascimento, descoberta e afirmação de talentos a nível da música, teatro e outras artes de sala.
O CEFOJOR local, inaugurado, recentemente, pelo Presidente da República, João Lourenço, é colossal. Com uma infra-estrutura de vulto, à dimensão de centros de formação do primeiro mundo, tem a sua disposição meios necessários para que todos aqueles que lá forem se formem com a máxima qualidade. São salas, anfiteatro, dormitórios, estúdios, restaurante e uma infinidade de meios que podem, se alguém entender, fazer nascer naquela parcela do país uma escola superior de jornalismo ou até mesmo de outras especialidades ligadas à comunicação social. Porém, quem por lá passa, no caso do CEFOJOR e arredores, não deixa de prestar a atenção a uma outra infra-estrutura construída aí nas proximidades.
A curiosidade jornalística levou-nos a questionar os presentes sobre o que se tratava, devido à imponência, mas também ao facto de não se notar grandes movimentações no seu interior, apesar de ser uma obra que se diz concluída há já alguns anos. São várias as opiniões sobre a infra-estrutura. Uma das quais, segundo alguém que já esteve no seu interior, diz que se trata de um empreendimento afecto ao Ministério dos Transportes. Certo ou não, a verdade é que quanto mais o tempo passa, os habitantes do Huambo se vão questionando sobre o destino da infra-estrutura tendo em conta que poderia muito bem ser aproveitada para lá ser instalada uma universidade pública ou até mesmo alguma instituição do próprio Estado.
Consta que um dia destes, quando interpelado, um dos responsáveis da instituição que se diz tutelar o imóvel, terá dito que existiam planos para o mesmo. Porém, com o andar do tempo, o que os munícipes e algumas pessoas que por lá passam se questionam é ‘que planos serão estes que levam tantos anos para serem implementados depois da construção daquela infra-estrutura impotente que corre o risco de se degradar se não for utilizado?’