Economista entende que as taxas de juros terão influência na decisão do investidor em optar por investir nas obrigações de tesouro de Angola, abdicando dos investimentos noutros títulos emitidos por instituições estrangeiras
O Ministério das Finanças anunciou que pretende fazer uma emissão de dívida em moeda estrangeira, no âmbito da estratégia de fomento do mercado de títulos públicos, com a realização de uma emissão de Títulos do Tesouro Nacional em Moeda Externa. Conforme os dados do MINFIN, liderado por Vera Daves de Sousa, a operação é aberta a todos os interessados, sem adiantar datas nem montantes, especificando que o formato será o de ‘Bookbuilding’, um pro- cesso que serve para avaliar junto do mercado o interesse pelos títulos de quem emite quer pôr.
A maturidade, segundo os da- dos desta instituição financeira, será de sete e dez anos, com vencimentos em Outubro e Novembro de 2031, e Julho e Dezembro de 2034, respectivamente, e os títulos a emitir pagarão cupões numa base semestral. Com esta emissão, o Ministério das Finanças pretende captar recursos em moeda externa e em moeda nacional, refere os dados, convidando os interessa- dos a contactar, para efeitos de subscrição, qualquer instituição financeira habilitada a operar no mercado de valores mobiliários local, nomeadamente, bancos, sociedades distribuidoras e corretoras.
Economista defende atracção de investidores
Em reacção, o economista Eduardo Manuel considera que o método do Bookbuilding foi escolhido por ser a forma que o Ministério das Finanças pode controlar a emissão das obrigações, ou seja, pretende-se emitir obrigações através da procura do mercado, sendo o preço indicado pelo investidor. “O interesse dos investidores é que vai determinar a quantidade de obrigações a emitir e o seu preço”, sublinhou.
O especialista aclara que o principal factor determinante para as emissões é a necessidade de arrecadar divisas em moeda estrangeira, pelo facto do stock de divisas ter sido abastecido somente por via de exportações e que continuam insuficientes para satisfazer as necessidades da economia angolana. Eduardo Manuel referiu que as taxas de juros terão influência na decisão do investidor em optar por investir nas obrigações de tesouro de Angola, abdicando dos investimentos noutros títulos emitidos por instituições estrangeiras. “O MINFIN deverá oferecer taxas de juro atractivas, de modo a atrair pequenos e grandes investidores nacionais e estrangeiros”, enfatizou.
Para Eduardo Manuel, a ministra Vera Daves de Sousa avalia o mercado como promissor ao investimento e vê a emissão de OT como uma alternativa para os investidores apostarem na economia angolana. O também economista Marlino Sambongue considera que o Ministério das Finanças está a concretizar a estratégia aprovada no Plano Anual de Endividamento para o ano de 2024 que prevê, entre outras operações, a captação de dívida interna, me- diante a emissão de obrigações do tesouro em moeda externa.
Esta emissão, continuou, deve ter as maturidades de 7 e 8 anos no montante global equivalente em dólares a 152 mil milhões de Kwanzas e obrigações do tesouro não reajustáveis com maturidades de 7 e 10 anos no montante global de 380 mil milhões de Kwanzas. Os prazos definidos, disse Marlino Sambongue, permitem ao Estado gerir melhor o passivo que detém, olhando para a sua projecção de resgate da dívida interna e externa nos anos de 2031 e 2034. Para o economista, estes prazos olham para a projecção de resgate para 2031 de cerca de dois mil milhões de Kwanzas e para 2034 cerca de 500 mil milhões de Kwanzas o que demonstra uma estratégia de captar dívida de prazos mais longos.
POR: Francisca Parente