Poucos dias após gerar repúdio entre os líderes europeus e dos Estados Unidos ao sugerir o envio de tropas da OTAN para a Ucrânia, o presidente francês Emmanuel Macron reacende a polémica, criando tensão na relação do seu país com a Alemanha
As tensões entre Berlim e Paris intensificaram-se, desde a última Terça-feira (5), quando o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, respondeu a Macron por exortar a Europa a não ser “covarde” na defesa da Ucrânia, de acordo com o meio de comunicação norte-americano “Politico”.
“Claramente, a Europa enfrenta um momento em que será necessário não ser covarde”, declarou Macron, acrescentando que as pessoas “nunca querem ver as tragédias que estão por vir”.
Horas depois, Pistorius rebateu afirmando que a linguagem do presidente francês era contraproducente. “Realmente não precisamos, pelo menos na minha perspectiva, de falar sobre soldados no terreno ou de ter mais ou menos coragem.
Isso realmente não ajuda a resolver os problemas que temos na assistência à Ucrânia”, disse Pistorius aos repórteres durante uma conferência de imprensa com o seu homólogo sueco, Pal Jonson.
Posteriormente, Macron afirmou que os seus comentários não visavam a Alemanha, mas que era “necessário” abalar os aliados da França. “Se formos passivos […] corremos o risco de sofrer reveses no terreno, de enfrentar possíveis desilusões nos Estados Unidos”, alertou o presidente francês.
Segundo o Politico, a relação entre a França e a Alemanha tem estado tensa nos últimos meses devido à maneira como ambas as nações lidam com o conflito na Ucrânia.
Enquanto os alemães adoptam uma postura moderada, o presidente francês emite declarações consideradas irresponsáveis por outros líderes europeus e da OTAN.
“As tensões franco-alemãs por causa da guerra na Ucrânia estão a aumentar. A França há muito tempo que se sente frustrada pelo facto de a Alemanha considerar as relações com Washington a pedra angular da segurança europeia, enquanto a Alemanha se irrita com a conversão tardia de Macron em autoproclamado líder belicista, especialmente quando Berlim forneceu muito mais armas à Ucrânia do que Paris”, explica a mídia americana.