A especialista Sónia Ferreira, da organização Kambéu, manifestou-se, recentemente, preocupada com acúmulo de lixo que se tem verificado nas praias de benguela, com destaque para o da praia Morena, onde a sua organização soltou, recentemente, mais de cem tartarugas bebés nascidas lá. Sónia sustenta que, das 5 espécies que abundavam os mares de Benguela, hoje se conta apenas com uma, a de oliva
uma outra preocupação daquela ambienta- lista tem que ver, fundamentalmente, com o consumo de ovos de tartarugas por parte da população. Ela considera ser necessário que os cidadãos sejam sensibilizados sobre a importância desses animais marinhos para o ecossistema.
“Os obstáculos que elas correm são muito: o lixo, a pesca de arrasto e a própria caça pelo ser humano. Um dos caminhos de sensibilização é falar sobre o lixo”, disse, para quem os resíduos sólidos, tanto em terra quanto em mar, constituem atentado à sobrevivência das tartarugas.
De acordo com especialista, nota-se uma acentuada deficiência na recolha de resíduos sólidos nas praias de Benguela, de sorte que tenha chamado atenção a quem de direito para a necessidade de um olhar particular para a questão do saneamento na orla marítima. E, nesta senda, refere que o cidadão também é chamado a assumir uma postura de salvaguarda das espécies marinhas.
“Há uma convivência com o lixo (parece normal) mas é muito frequente em encontrarmos lixo e fazermos lixo. Essa é uma das dificuldades. Outras das dificuldades que temos são algumas ajudas para podermos chegar cada vez mais distante. Neste momento, estamos só no Lobito. Começamos com o projecto agora aqui em Benguela”, sustenta ela, que diz haver necessidade de o projecto Kambéu estender o seu raio de acção a várias outras praias da província e cita, a título de exemplo, as do Egito-Praia, na Kanjala, Baía-Farta De há quatro anos para cá, nos mares de Benguela, os especialistas só têm encontrado a espécie de tartaruga oliva, quando neles abundavam espécies como a de coro, gigante, verde e a cabeçuda.
Sónia aponta, entre outros factores como estando na base da extinção de quatro espécies, acções humanas, aliadas às questões climáticas. “Factores climáticos, por um lado, e o outro lado nós acreditamos que maior parte por causa da caça indiscriminada”, acentua. Por sua vez, a directora do Gabinete Provincial da Habitação, Ambiente e Gestão de Resíduos Sólidos, Marisa Quizimba, louva o trabalho que tem sido desenvolvido pelo projecto denominado kambéu cujo fito, actualmente, esteja voltado à preservação da única espécie de tartaruga, em particular, e da fauna marinha, no geral.
A responsável sustenta que, graças ao trabalho empreendido, tenha sido possível localizar duas desovas de tartarugas em algumas praias da província, uma vez que a principal dificuldade de especialistas e a do Governo tem consistido, fundamentalmente, na identificação de locais de desova. “Por norma, o que é natural acontecer, as tartarugas chegam até à praia, desovam e, ao fim de algum tempo, os ovos chocam ali mesmo naquele local. É uma curiosidade que elas têm, normalmente, elas só desovam onde nascem”, disse.
“Daí a extinção quando elas são eliminadas”, acrescenta a governante, reprovando o facto de a população ter nos ovos de tartaruga um produto para o consumo, o que ela desaconselha. Tal como Sónia, Marisa responsabiliza alguns cidadãos pela extinção de quatro espécies de tartarugas da fauna marinha benguelense. “Principalmente, a caça. Elas sofrem muitas ameaças até chegar ao mar, mas a maior delas é caça. Tanto os ovos quanto da tartaruga mãe “, considera, a directora do Gabinete Provincial da Habitação, Ambiente e Gestão de Resíduos Sólidos.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela