O engenheiro de recursos Naturais e Ambiente Marcelino Francisco, manifestou-se céptico relativamente à execução do Programa de Arborização da cidade de Luanda (PAL), porque o documento que rege o programa está muito vazio em termos de requisitos necessários para uma boa arborização
O ambientalista diz que o PAL tem muitas deficiências e que falta de detalhes importantes, como, por exemplo, os tipos de árvores a serem plantadas, o perfil e em que locais. Defende que, ao se plantar uma árvore, existem muitos detalhes e requisitos a serem cumpridos. “Uma árvore que eu plante na estrada direita da Samba, não é o mesmo tipo de árvore que poderia plantar no meio de um bairro”, esclareceu o especialista.
Considera importante que se saiba o porquê do plantio de uma determinada árvore, e não se fique somente na estética ou no fornecimento de sombra. Existem árvores para fins comerciais, para depois vender- mos madeira, isto a longo prazo, exemplificou o especialista. Há ainda aquelas árvores que são plantadas para fazer carvão. “Precisamos saber para que fim estamos a plantar as árvores, e este fim é que ficou inconfesso no PAL. Que tipo de árvores pretendem dar primazia? Não sabemos.
Geralmente para a plantação de árvore ou arborização, o primeiro aspecto a ser respeitado é o plantil da vegetação local. Existem vários pontos com problemas de vegetação nativa, e, em Luanda, quase que não se sabe, entre aspas, quais são a vegetação nativa”, disse. Marcelino acrescentou ainda que, quando não se conhece a vegetação nativa, pode ser aplicada a vegetação adaptada. Aquelas árvores que se encontram no local mas que não são originárias daquela zona. Disse ainda que há o tipo de árvore que são colocadas por razões de estética, onde escolhem um local que se seja de boa visibilidade. O especialista acredita que estes detalhes não conseguiu observar no programa de arborização que temos vindo a citar.
“Quan- do estamos a fazer um programa de arborização e não se obedece às orientações de base, é caminho fadado ao fracasso. Marcelino Francisco considera o Programa de Arborização da cidade de Luanda (PAL) como sendo muito nobre, na medida em que Luanda é vista como uma das cidades mais cinzentas e menos arborizada da África Austral, segundo alguns estudos. Um projecto como o PAL é sempre bem- vindo, na sua opinião. Para não correr o risco de colocarem as árvores e, depois, serem arrancadas por causa de outros projectos, serem arrancadas porque as raízes danificam o as- falto, Marcelino aconselha que seja seguido com muita atenção os requisitos básicos neste processo.
Projecto “uma pessoa, uma árvore” Por outro lado, o também responsável do projecto de plantação de árvores, denominado “Uma pessoa, uma árvore”, que já vai a caminho do sétimo aniversário, disse que este projecto está neste momento a procurar plantar árvores de acordo com cada passo e requisito solicitado. “Nós tínhamos uma frequência de plantar pelo menos vinte a trinta árvores por mês. O número foi reduzindo porque nem sempre encontramos locais com as condições exigidas para o plantio”, avançou.
O projecto também oferece árvores e faz o acompanhamento, do local a ser plantada, o tratamento e a rega. Se não encontrarem estes requisitos todos salvaguardados preferem não arriscar porque têm muito amor pelas árvores e não pretendem plantar sem que tenham a certeza de que a vai crescer para toda a vida. “Hoje vamos plantando menos árvores, temos a certeza de que estas poucas árvores vão vingar”, rematou.