O opositor Vladimir Kara-Murza que se encontra detido na Sibéria apelou, ontem, aos russos para não “desesperarem” e continuarem a lutar pela democracia, referindo-se à morte de Alexei Navalny na prisão
“Ainda não consigo compreender o que a c o n t e c e u , nem racional nem emocionalmente. Mas se cedermos à tristeza e ao desespero, é exactamente isso que eles querem.
Não temos o direito de o fazer, devemos isso aos nossos camaradas que caíram”, disse Kara-Murza durante uma audiência em tribunal por videoconferência.
Vladimir Kara-Murza, amigo de Alexei Navalny, era também próximo de Boris Nemtsov, um opositor político morto perto do Kremlin, Moscovo, em 2015. Kara-Murza conseguiu transmitir uma mensagem publicada nas redes sociais pela equipa que o acompanha, na passada Terça-feira.
“A responsabilidade pela morte de Alexei Navalny é de Vladimir Putin, uma vez que Alexei era um prisioneiro pessoal (do chefe de Estado)”, escreveu.
“Um velho vingativo, medroso e ganancioso mantém o domínio da morte, destruindo tudo o que considera ser uma ameaça ao poder”, acrescentou o opositor, referindo-se ao Presidente Vladimir Putin.
Kara-Murza, cidadão russo-britânico, foi condenado a 25 anos de prisão depois de ter sido acusado de traição, de divulgar “informações falsas” sobre o Exército russo e de manter ligações com uma “organização indesejável”.
Esta sentença é a pena mais pesada imposta a um opositor na história recente da Rússia. De acordo com os apoiantes, o estado de saúde de Kara-Murza é muito frágil, devido ao facto de ter sido envenenado duas vezes, no passado.
Na última mensagem, afirma ter tomado conhecimento da morte de Alexei Navalny através do receptor de rádio que tem na cela, no passado dia 16 de Fevereiro, altura em que a administração penitenciária da Rússia emitiu um breve comunicado anunciando a morte do principal opositor de Vladimir Putin. Da prisão na Sibéria, Kara-Murza expressou esperança.
“Fazer da Rússia um país normal, livre e democrático europeu (…) Alexei (Navalny) disse: ‘Não desistas. É impossível desistir’”, afirmou Kara-Murza.