O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, declarou-se, esta quarta-feira, em Adis Abeba (Etiópia), agastado com a degradação da conjuntura internacional, nos últimos tempos, em que prevalece a violência como meio para a resolução de conflitos.
Moussa Mahamat falava na abertura da 44ª sessão ordinária do Conselho Executivo da UA, consagrada à preparação da agenda da 37ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização continental, em que Angola participa com uma delegação chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António.
Segundo o diplomata tchadiano ao serviço da UA, a situação africana e internacional continua, dia após dia, “a aumentar as nossas preocupações, as nossas agonias e as nossas amarguras”.
A este propósito, questionou se estará a violência, nas suas formas mais bárbaras, a estabelecer-se definitivamente como o único meio de resolução de conflitos.
Considerou ser paradoxal e “profundamente chocante” que o uso da violência cega seja aceite em silêncio e “com a amnésia de quase todas as grandes potências do mundo”.
Para o responsável continental, os autores de tão graves negações exibem os seus crimes com condescendência e desprezo pelos requisitos mínimos do Direito Internacional e do Direito Internacional Humanitário.
Exemplificou que o sofrimento do povo palestino, privado dos seus direitos fundamentais à liberdade e ao estabelecimento de um Estado viável e soberano, “é agravado, diante dos nossos olhos, por uma guerra de extermínio, sem nome, na história”.
Nas primeiras horas desta guerra e das atrocidades indescritíveis que lhe estão associadas, recordou, “apelámos para a cessação das hostilidades, a libertação de todos os reféns e prisioneiros e um compromisso resoluto para uma solução política, baseada no princípio de dois Estados”.
Sobre esta última, clarificou que ela alude aos Estados de Israel e Palestina, vivendo em paz e no respeito pelo Direito Internacional e na plena segurança dos povos de ambos lados e de toda a região.
A paz e a segurança só são possíveis com justiça e o reconhecimento dos direitos fundamentais de todos, disse, saudando a decisão do Tribunal Internacional de Justiça e o “firme compromisso da República da África do Sul” sobre a situação em Gaza.