Conforme ronda efectuada pelo OPAÍS nos principais pontos de vendas de Luanda, ficaram para trás os presentes que envolvem avultadas somas financeiras. Estes foram substituídos pelos mais simples, com menos custos, o que espelha o real momento de crise que as famílias estão a viver
Com o aperto financeiro que muitos cidadãos estão a enfrentar, os parceiros, quer de namorados como casados, estão a ser forçados a reinventarem-se na correria para a compra de presentes para oferecer hoje, na celebração do 14 de Fevereiro, Dia de São Valentim.
Conforme ronda efectuada pelo OPAÍS nos principais pontos de vendas de Luanda, ficaram para trás os presentes que envolvem avultadas somas financeiras.
Estes foram substituídos pelos mais simples, com menos custos, o que espelha o real momento de crise que as famílias estão a viver.
Nos espaços adjacentes aos cemitérios do Sant´Ana e Alto das Cruzes, Largo da Escola Njinga Mbande, assim como defronte à Casa da Juventude de Viana, na estrada principal do Zango e o perímetro defronte a Administração Municipal de Viana, constam dos lugares tradicionais de comercialização de presentes para a celebração do Dia dos Namorados.
Nestas zonas, diferente dos tempos anteriores, as comerciantes preferiram lotar as bancadas com presentes simples que simbolizam o amor, desde flores, cestas de doces, roupas interiores, perfumes, acessórios e outros produtos ao alcance da grande maioria das pessoas.
Para trás ficaram os convites de festas e jantares, relógios top de gama, aparelhos electrónicos como tablet, telefones e computadores.
Também, para algumas pessoas e comerciantes, ficaram canceladas a venda de pacotes de viagens e a oferta de bens imóveis e veículos.
Ajustar-se aos tempos de crise
Feliciana João tem estrada na venda de produtos para saudar o 14 de Fevereiro. São mais de dez anos que conta estar na actividade com a venda de diferentes produtos desde decorativos, roupas, calçados, relógios, bens móveis e outros.
Entretanto, com o aperto financeiro, Feliciana disse que o negócio reduziu significativamente porque, actualmente, os clientes preferem oferecer produtos mais simples, já que não há disponibilidade financeira como anteriormente.
Para manter o negócio, a julgar que é das principais fontes da sua sobrevivência, Feliciana apostou, para este ano, na venda de perfumes em diversos tamanhos e preços para atingir um público diversificado.
“O perfume, por ser um produto que as pessoas usam diariamente, então tem uma boa saída.
E este ano desliguei-me de tudo para apostar nos perfumes com preços que variam entre 12 a 60 mil kwanzas”, apontou a comerciante do município de Viana com canais de distribuição na Maianga e Mutamba.
“Estamos a nos reinventar”
Por seu turno, Isabel Yango, responsável da empresa Delícias do Amor, disse que, à semelhança de outros ramos da vida, os casais e as comerciantes estão a se reinventar para esta comemoração do 14 de Fevereiro.
Conforme referiu, com o aperto financeiro em vigor, os casais têm apostado na oferta de cestas do amor, que é um conjunto de produtos com realce, entre outros, para chocolates, bombons, bolos personalizados e champanhe.
Lingeries resistem à força do tempo
Suzana Carlos é comerciante de produtos eróticos. Está neste ramo há 15 anos. Conforme referiu, apesar dos tempos de crise, a oferta de lingerie continua a ser a preferência de muitos casais, apesar de, frisou, existirem vários níveis, preços e tipos. Brasil, Turquia e China eram as suas fontes de compra deste tipo de produtos.
No entanto, com o aperto financeiro e a escassez de divisas, viu o negócio a reduzir por causa da qualidade dos produtos.
Mas, ainda assim, frisou, a compra de lingerie continua a ser a preferência de muitos casais quando a ocasião é a celebração do 14 de Fevereiro.
“Temos conjuntos ocasionais e descartáveis. Mas também temos outros que as pessoas podem usar para o momento e para o uso no dia-a-dia. Os nossos preços variam de 10 aos 50 mil kwanzas. Depende do bolso do cliente”, frisou.
Flores ajustam-se às dificuldades
Outros dos produtos que vão resistindo à força das dificuldades são as flores. Entretanto, diferente dos anos anteriores, Joana Lemos, florista, disse que ficou para trás a ideia de que as flores eram apenas coisas de ricos.
“Hoje já recebemos clientes de várias partes de Luanda que procuram por flores pelo significado e o ajuste dos preços”, apontou. Segundo a comerciante, as flores nacionais, sobretudo das regiões do Huambo, são as mais caras.
Mas, ainda assim, têm saída porque a oferta de flores tem um significado acima de quaisquer valores financeiros.
“Temos ramos de 7 mil kwanzas, sobretudo as brancas. Mas também temos bouquets que podem chegar até os 80 mil kwanzas. É tudo uma questão de gosto e bolso dos clientes”, destacou.
Celebrar o amor e não o material
Todavia, num momento em que o país atravessa dificuldades financeiras, especialistas aconselham a celebração do amor com gesto simples e marcantes que não envolvem, necessariamente, bens materiais, a julgar pela valorização e significado da celebração do 14 de Fevereiro.
O Dia de São Valentim é comemorado anualmente a 14 de Fevereiro em diversos países do mundo.
Também conhecido como o Dia dos Namorados ou Valentine’s Day, esta é uma data especial celebrada por casais de várias partes do planeta, onde se comemora o amor e a união das pessoas que se amam.
Este dia foi escolhido por ser a data em que um bispo da Igreja Católica, chamado Valentim, foi morto em Roma pelo facto de ter desobedecido ao imperador, realizando casamentos às escondidas.