O parlamento húngaro reuniu-se, ontem, em sessão extraordinária a pedido dos deputados da oposição para inscrever na agenda a adesão da Suécia à NATO, mas a sessão foi boicotada pelo partido no poder
Num hemiciclo quase vazio, o embaixador dos Estados Unidos em Budapeste, David Pressman, ocupou um lugar na galeria, ao lado de outros 14 representantes de membros da NATO, numa mensagem para pressionar a Hungria, o último país que ainda não ratificou a adesão.
Após a aprovação pelo parlamento turco em Janeiro, a Hungria mantém-se o único país que não aprovou a entrada do país nórdico na aliança militar ocidental.
O dirigente nacionalista Viktor Orbán, que se tem demarcado da UE e mantido relações económicas com o Kremlin, deu o seu acordo de princípio à candidatura sueca, mas a decisão permanece bloqueada desde há meses.
“O primeiro-ministro prometeu agir ‘na primeira ocasião’. A sessão de hoje Segunda-feira, para fornecer-lhe essa oportunidade”, indicou na Sexta-feira em comunicado à embaixada norte-americana.
No entanto, os deputados do partido Fidesz, com ampla maioria no parlamento, optaram por não comparecer e deixando sós os 51 deputados da oposição, num total de 199 lugares. A sessão foi adiada por falta de quórum.
Orbán parece antes aguardar por uma visita do seu homólogo sueco, a quem emitiu um convite com o objectivo de restaurar a “confiança”, após anos de “difamação” face ao Governo húngaro, acusado de deriva autoritária.
Ulf Kristersson aceitou o convite, mas rejeitou a ideia de “negociações” e de “exigências” em torno da candidatura à NATO.
O chefe da diplomacia de Budapeste, Peter Szijjarto, considerou na semana passada que seria “justa” uma visita de Kristersson à Hungria antes da ratificação, também pelo facto de se ter deslocado à Turquia antes da aprovação pelo parlamento de Ancara.
O parlamento volta a reunir-se a partir de 26 de Fevereiro e a ratificação poderá ocorrer de imediato e logo após o aval do primeiro-ministro.
A Suécia anunciou a sua candidatura à NATO em Maio de 2022, na sequência da invasão russa da Ucrânia e em simultâneo com a Finlândia, que em Abril se tornou no 31º membro da organização.
Os dois países vizinhos optaram por renunciar a décadas de neutralidade pós-Segunda Guerra Mundial, e de não-alinhamento militar após o final da Guerra Fria.