A nova representante do povo Luvale-Luena, NhaKatolo Anabela Ngambo Kaumba, do Moxico, está preocupada com a denominação atribuída a esta região do país, segundo a divisão político-administrativa que divide a província em duas
Deste modo, Moxico será subdividida em duas, passando a ter a província do Moxico, com sede no Luena, e a província do Cassai-Zambeze, cuja sede será Kazombo, para maior proximidade dos serviços estatais às comunidades.
Quanto à denominação, NhaKatolo, que falou à imprensa durante o encontro com o ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, referiu que não tem fundamentos históricos para que seja atribuída a esta nova província no Moxico.
“Sei que é o nome de um rio, mas esse rio não tem fundamentos históricos para se atribuir à futura província. Ele está até o Zambeze, que passa ali, muito próximo, passa no território, dentro do território do município do Alto Zambeze, mas não queremos esse nome de Cassai”, asseverou.
Anabela Ngambo Kaumba, que se encontra em Luanda em representação da etnia Luvale, questionada sobre aquela que seria a denominação ideal, disse ser Moxico Leste e Moxico Oeste para as duas províncias.
Para melhor abordagem e tratamento do assunto, NhaKatolo Anabela Ngambo Kaumba avançou que pretende manter encontro com o ministro da Administração do Território, Dionísio da Fonseca a quem já foi solicitada uma audiência e aguardam por resposta “Manifesto a minha gratidão, com relação à divisão político-administrativa, mas não queremos este nome.
Eu e a minha população, já que fui mandatada pela minha população, todos que estão à minha volta e eu própria não queremos o nome que estão a propor para a designação da futura província do Moxico. Portanto, o nome de Cassai-Zambeze contestamos veemente. Não queremos esse nome”, assegurou.
Apresentação da corte
Esta visita de cortesia ao Ministério da Cultura e Turismo, a Rainha que será empossada em Julho, mas em plenas funções, disse ser necessária por se tratar de uma entidade que está adstrita às autoridades tradicionais.
Também, para apresentar-se ao ministro Filipe Zau, uma vez que está a substituir a Nhakatolo Tchilombo, que faleceu em Julho do ano passado.
“É a partir deste ministério que a raínha e a comitiva poderão ser recebidas por outros ministros, concretamente pelo ministro da Administração do Território e outras entidades governamentais”, avançou.
Actualmente em plenas funções, a residir na cada oficial da Raínha, referiu que vai dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela sua antecessora, que visam beneficiar a população.
O seu empossamento vai ocorrer em Julho, numa data considerada tradicional, uma vez que o grupo étnico tem realizado uma festa anual, de 19 de Julho a 22 deste mês.
Ministro enaltece visita de cortesia
O ministro Filipe Zau explicou que a visita teve como base a apresentação da sua corte, uma vez que já está nomeada e praticamente eleita.
Faltando apenas a entronização, só não pode ser feita nesta altura por causa das chuvas que caem com muita frequência em todo o país.
“Da mesma maneira que fez a sua apresentação a nível do Governo da Província, como parte das autoridades tradicionais e das comunidades são supervisoradas pelo Ministério da Cultura e Turismo, teve a amabilidade, algo que eu agradeço com enorme simpatia”, considerou.
O governante avançou que durante o encontro fez-se ainda uma breve abordagem sobre a divisão político-administrativa da província, mas esclareceu que não se pretende fazer a divisão do povo Luvale.
Lembra que os Lunda-Luvale possui uma parte em Angola e tem outra parte considerável da Zâmbia que consigna o reinado da Raínha.
“Por conseguinte, nós temos que considerar que isto são heranças coloniais, que já vem da Conferência de Berlim, a Conferência de Berlim dividiu a África mais ou menos a régua e esquadro.
E hoje temos grupos etnolinguísticos que estão, portanto, ou grupos societais, que estão uns dentro da fronteira política, mas, no entanto, o povo e o lado cultural chega ao outro lado”, aclarou.
Os Luvale
A representante da etnia LuvaleLuena residia na comuna de Nana Candumbo, município do Alto Zambeze, província do Moxico.
Nhakatolo ou Nyakatolo é um título real de nobreza dado à soberana (a linha de sucessão é sempre feminina e matrilinear) dos povos luvales-luenas quando assume o poder.
A sua jurisdição se estendia também à Zâmbia e à República Democrática do Congo, onde povos luvales dependiam directamente de Nhakatolo.
A primeira soberana dos povos luvale foi Nhakatolo Ngambo. Nhakatolo Tchilombo esteve no trono desde 2004, tendo-se revelado uma Rainha defensora acérrima dos mais nobres interesses do seu povo.