Viajar por estrada é uma das minhas maiores aventuras. Exceptuando Cabinda, devido à descontinuidade territorial, conheço as demais 17 províncias por estrada, embora ainda mantenha o sonho de um dia ir ao enclave de carro. Infelizmente, nalgumas regiões as estradas ainda pecam muito, deteriorando-se a olho nu, quando se esperava que os pequenos buracos pudessem ser travados à partida.
Lembro-me quase sempre do que me disse há alguns anos o malogrado Dario de Melo, quando insistentemente diria que em Angola não se respeitam os buracos pequenos, esperando-se que eles ganhem estatuto para posteriormente serem intervencionados. Há dias, o Presidente da República falou sobre as estradas e do papel que os Governos Provinciais poderiam desempenhar para que não assistíssemos à tragédia que observamos quase que diariamente em muitas estradas nacionais, sobretudo depois de o Estado ter gastado rios de dinheiro que nos poderiam dar maior conforto.
A Estrada Nacional 230 é um exemplo disso. Quem se desloca entre o Maria Teresa, Triângulo do Golungo e N’Dalatando pode constatar a ilusão permanente que é circular por aquela via, que durante muito tempo aliviava os automobilistas, diminuindo drasticamente o tempo. Para os próximos tempos, conforme concurso lançado recentemente, a via entrará em reabilitação, observando-se em parte do troço imagem que apontam para a empresa Omatapalo.
Porém, mais uma vez serão gastos milhões de dólares que, se se cuidasse desde cedo dos buracos existentes, a via continuava transitável. À semelhança do que acontecerá noutras partes do mundo, o sector da construção civil não deixa de ser um mercado apetecível. Envolve largos milhões de dólares e, se nós ativermos aos preços praticados, em que um milímetro de estrada asfaltada custa os olhos da cara, percebe-se o quanto se gasta. Quando há uns anos entrevistei o engenheiro Paulo Nobrega, dizia ele que era necessário fazer-se uma auditoria às estradas existentes no país.
Cada vez mais, apesar do tempo, convenço-me de que não ficaria nada mal se isso acontecesse. É doloroso ver inúmeros milhões sendo gastos quase sempre para que nos próximos cinco ou seis anos se gaste o mesmo nos mesmos troços. Se se actuasse com mais rigor, as empreitadas feitas com o dinheiro da China serviria para que os angolanos se pudessem locomover com maior facilidade. Infelizmente, houve quem usou este processo para se enriquecer e hoje estamos a remendar o que teria sido bem feito.