Oito colectivos, entre bandas e conjuntos musicais, brindaram o público com clássicos do musical nacional na primeira edição do Festival das Bandas, realizado no último fim-de-semana (27 e 28) no espaço Prova d’Arte, no Miramar, em Luanda
O conjunto Os Kiezos, a quem coube a missão de abrir o espectáculo, que começou por volta das 16 horas de Sábado, brindou o público com algumas das músicas do seu vasto repertório.
Temas como “Candonga”, “Milhoró”, “Princesa Rita”, “Obrigado meu Amigo”, “Ngana Zambi” e outros contagiaram o público que vibrou, ao sentir os ritmos do colectivo que há dois anos perdeu a sua ‘joia’: o guitarrista Marito.
De acordo com a organização, o evento teve como principal objectivo servir de palco às bandas e conjuntos, porque nas últimas décadas têm sido usadas simplesmente como suporte de acampamento aos cantores.
Seguiu-se depois a Banda FM, que testou a pulsação do público ao começar a actuação com os dois novos temas, “Farra de Kambas” e “Te Escolhi”, antes mesmo de entoar outros já conhecidos do seu repertório.
Colectivo, formado por jovens “ousados e talentosos vindos” da província de Benguela, e que aos poucos vão ganhando espaço no mercado nacional, sentiu-se agraciada pelos fortes aplausos e elogios vindos daquela multidão calorosa.
Na sequência, foi a vez da Banda Duia, que também escreveu o seu nome naquela tarde de espectáculos, levando ao palco temas nostálgicos que lhe é característico, mantendo vivo o legado do patrono do colectivo, o saudoso mestre Duia.
Ao final do primeiro dia do festival, a histórica Banda Maravilha subiu ao palco e levou o público a euforia, convidando-os a contemplar a mestria dos experientes Moreira Filho (guitarrista) e Marito Furtado (baterista), assim como a “ousadia e tecnicismo” dos mais jovens integrantes daquele que é um dos mais antigos e conceituados conjunto musical de Angola.
Segundo dia de espetáculo
Ontem, o segundo e último dia do Festival, a Banda Roxane foi quem deu o “pontapé de saída” das actuações. Neste dia, entraram também em acção o Conjunto Dizu Dietu, este que já tem sido um colectivo habitual naquele espaço de lazer, e a Banda Canade-Açúcar.
Ambos deixaram patente as suas marcas, cantando temas históricos e contagiantes e levaram a multidão a aplaudir euforicamente. Houve quem não resistiu e arriscou um “pé de dança”.
Para encerrar o espectáculo, Os Jovens do Prenda entraram em acção e, como habitual, mais uma vez levaram o público ao delírio com as suas canções que marcaram a juventude luandense nas décadas de 1970, 80, 90 e princípio dos anos 2000.
Temas como “Nova Cooperação”, “Kikola”, “Farra na Madrugada”, “Desespero”, “Ngongo”, e outros foram apresentados no palco do Espaço Prova d’Art, localizado no largo Aliound Blondy Beye, que contou com pouco mais de 100 pessoas, vindas de vários pontos da cidade capital.
Organização quer dar mais estímulo às bandas musicais
O Festival das Bandas, que vai na sua edição experimental, é uma iniciativa de um grupo de artistas e agentes culturais, em colaboração com a Prova d’Art (espaço que tem acolhido inúmeros eventos culturais na zona do Miramar).
Adão Filipe, um dos mentores do projecto, disse, ao jornal OPAÍS, que esta iniciativa visa promover a música popular nacional, privilegiando, em particular, os grupos e conjuntos, para que estes tenham maior notoriedade e independência.
“O nosso objectivo é fundamentalmente de promover a música angolana e dar um pouco mais de autoridade e independência às bandas musicais e aos conjuntos que até aqui têm sido visto apenas como um ‘suporte’ aos artistas”, avançou o responsável.
Acrescentou que a intenção é procurar uma forma de manter os grupos e bandas activos e notórios no mercado, não ficando a mercê dos artistas que têm sido os protagonistas dos maiores espectáculos e convidam as bandas apenas para o auxiliar.
Segundo o promotor cultural, trata-se de um festival que veio valorizar um pouco mais o musical angolano, podendo juntar diferentes grupos e bandas musicais num espaço organizado que pode acolher as famílias e proporcioná-las um momento de lazer e descontração ao som de músicas com qualidade em que os protagonistas são os próprios conjuntos.
Uma realidade que, no seu entender, aos poucos vai desaparecendo no mercado musical angolano.
Questionado se o festival terá sequência noutras edições, o organizador afirmou que tudo vai depender das circunstâncias e a forma como as coisas poderão estar no próximo ano. Contudo, assegurou que, caso haja condições para tal, a segunda edição poderá, de certeza, se realizar em 2025.