Executivo quer engajar mais de 3 milhões famílias camponesas na produção de arroz sequeiro, aquele plantado longe de ambiente pantanal, cujo custo de é de menos de 300 mil kwanzas por hectare. Numa primeira fase, a previsão aponta para a produção de 160 toneladas só em Benguela
O projecto, que vai contar com o apoio do Executivo na compra de toda a produção naqueles casos em que os produtores encontrem dificuldades para escoar, inserido no Programa “Melhor Arroz de Angola”, vai ser lançado, nos próximos tempos, nas províncias da Huíla, Uíge e Malanje. Numa primeira fase, o projecto piloto foi lançado, recentemente, na fazenda agrícola de Nélson Rodrigues, na comuna do Dombe- Grande, município da Baía-Farta, com o “selo” da organização Jardins da Yoba, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Associação SEIVA.
Trata-se de uma iniciativa que é considerada de revolucionária para o melhoramento genético e a adopção das melhores práticas agrícolas no cultivo do denominado arroz de terras altas, que, numa primeira fase, fase prevê a produção de 160 toneladas. O secretário de Estado para a Agricultura, João Domingos da Cunha, assumiu, na Sexta-feira, o compromisso de o Governo vir a comprar todo o arroz produzido no país, daí ter apelado a algumas famílias, na comuna do Dombe-Grande, que se juntem em cooperativas e apostem fortemente na produção do grão. “Podemos criar mais emprego e bem-estar social.
A vida faz-se no campo e não na cidade. E o campo tem capacidade para nos mostrar que somos capazes”, sublinhou o governante, salientando que o Executivo está a prestar uma atenção muito particular para a produção dessa cultura. “As informações levam-nos a crer que temos resultados muito interessantes que vai permitir aos agricultores, camponeses e não só do Dombe-Grande puderem produzir arroz aqui em grande quantidade e que vai permitir inundar as nossas mesas”, ressaltou. Explicou que, com efeito, o Governo pode vir também a poupar milhões de dólares na importação e reduzir o preço de arroz no mercado.
“O lançamento deste ano de que o arroz é a cultura de bandeira vem provar a visão que o Governo tem em fazermos rapidamente substituição das importações com a produção interna. Já está a acontecer em outras províncias: em Malanje, Moxico, Cuando Cubango, Huambo, Bié”, detalhou. Acrescentou de seguida que “seria muito bom que isso acontecesse aqui, na província de Benguela, em particular no vale do Dombe-Grande”. Em 90 dias: arroz de alta produtividade, resistência a doenças e excelente qualidade Segundo especialistas, o programa é o resultado de ensaios multi-locais conduzidos com sucesso.
Com genótipos de ciclo inferior a 90 dias, alta produtividade, resistência a doenças e excelente qualidade de grãos, o arroz de terras altas promete ser uma cultura revolucionária em Angola. A título experimental, na Fazenda Nélson Rodrigues o cereal foi plantado apenas numa área cultivável de 50 metros de comprimento e cinco de largura, sendo que as projecções apontam para 20 hectares, prevendo colher oito toneladas por cada hectare, nos próximos tempos, o que, contas feitas por este jornal, nos próximos Benguela, por via do vale do Dombe- Grande vai produzir 160 toneladas.
O empresário Nélson Rodrigues tem, doravante, na produção deste cereal o seu grande desafio. No entanto, prometeu, para os próximos 90 dias colocar à mesa dos angola- nos o arroz sequeiro produzido na sua fazenda. Nélson Rodrigues justificou que, diferente de outros cereais, o arroz fora dos pântanos quase que não tem custos, no que ao investimento diz respeito, pois não se usa tantos insumos agrícolas, produtos bastante caros no mercado.
“Tem um custo de investimento muito baixo. Por hectare, não nos passa de 300 mil kwanzas”, frisou. Aprovado que está o primeiro ensaio de produção, sendo os resultados satisfatórios, Rodrigues salientou que o próximo passo consiste em firmar uma parceria com o Governo, de modo a que se produza arroz em grande escala. Em termos de rendimento, o empresário diz ser preferível produzir arroz a tomate, porquanto o custo de produção desta última cultura fique muito aquém do desejado.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela