Devem ser poucos os angolanos que não tenham ainda ouvido um dirigente angolano, particularmente governadores provinciais ou até mesmo ministros, que não se tenha insurgido contra um empreiteiro ou outra empresa que preste serviços ao próprio estado.
Devem ser muitos, claramente, os que já terão escutado inúmeras ameaças de governantes, prometendo responsabilização às empresas que actuam na área da construção e outras, mas cujas palavras o vento acabou por levar sempre por se desconhecer os casos em que se responsabilizou de facto os proprietários ou os seus gestores.
em sentido contrário, vimos até aos dias de hoje obras inacabadas, incumprimento dos prazos e até abandono mesmo de infra- estruturas que a esta hora estaria servindo os interesses da colectividade. infelizmente, nem o Programa integrado de intervenção aos municípios está livre deste mal, havendo inclusive na capital obras abandonadas, como uma escola situada no Zango 0. em sentido inverso, alguns dos empreiteiros se enriquecem, prejudicando o estado em diversas formas.
Outros fogem para o exterior depois de terem recebido uma boa maquia, não se ouvindo sequer que muitos deles tenham sido condenados ao menos à revelia. além das obras públicas, esse mal que vem personificando o nosso reino das ameaças estendeu-se a muitos sectores. Por exemplo, na quarta-feira, ouvimos um dos responsáveis do ministério do ensino Superior alardeando que iriam encerrar as universidades ou institutos superiores que não tenham condições para leccionar os cursos de pedagogia. muito bom. afinal, não se pode deixar que se deforme os jovens que acreditamos serem o futuro do amanhã.
Porém, o que tarda a acontecer no país são as acções em muitos destes domínios, incluindo em algumas instituições onde, a olho nu, se observa não existirem condições. a nível do ensino superior, por exemplo, há muitas que em circunstâncias normais nunca deveriam sequer ter sido habilitadas, embora haja quem pense que deve haver quantidade para dela se subtrair a qualidade. essa tergiversação é que alimenta, posteriormente, as cogitações de um excessivo compadrio entre governadores e construtoras, governantes e instituições do ensino superior e outros em cada sector da actividade pública em que está inserido.
mais do que simples ameaças, como reiteradas vezes têm sido feitas, as condições para se punirem também existem há muito. Proteger o estado, os angolanos e os interesses colectivos supremos estaria melhor alicerçado se se avançasse em determinados momentos para as sanções que obrigassem a melhorias e não permitir que muitos actuem à margem da lei e sem condições. No caso do ensino superior, é espantoso que estas ameaças apenas surjam já no decorrer do ano lectivo. O que fazem os inspectores durante o defeso quando têm que analisar as condições criadas ou não?